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Saudade Que Gosto de Ter


Saudade Que Gosto de Ter
Luiz Carlos Formiga


“Que a vossa caridade abunde mais e mais em ciência.” Paulo (Filipensis, 1:9)

Na Música Popular Brasileira anuncia o feirante: “arreio de cangalha eu tenho pra vender, quem quer comprar?” Ainda tinha fumo de rolo, cabresto de cavalo, rabichola e pavio de candeeiro.
Perto do local, havia uma vendinha. Lá o mangaieiro ia se animar e tomar uma bicada com lambú assado. Mesmo diante do prazer, ele lembrava que tinha que xaxar o seu roçado. No entanto, a sua alpargata de arrasto insistia em não o querer levar ao trabalho. Mas, como resistir ao sanfoneiro fazendo floreio pra turma dançar e também ao ronco do fole sem parar? (1)  Composição genial, com ela o cérebro estrutura e ordena a sequência de sons e elabora um sistema de significados particular e inédito. Por outro lado, sua interpretação depende da capacidade do ouvinte de descobrir aquilo que ocorrerá posteriormente na canção. Isso ativa o  (cerebelo, o setor biomédico responsável pelo equilíbrio do corpo físico.
Isolda, (2) compositora emocionalmente inteligente demonstrando o equilíbrio alcançado diz: “você foi o melhor dos meus erros, a mais estranha história que alguém já escreveu e é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez...”
As criações surpreendem e se tornam emocionalmente significativas. Sivuca, profissional  de larga experiência, sabe manipular a emoção dentro da canção. Tangencia a expectativa de seus ouvintes, produzindo a música marcante. A compositora Isolda, atendendo a nossa expectativa, conclui dizendo: “das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que gosto de ter.” “Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.” (1, 2)
A música tem a capacidade de evocar imagens e sentimentos que não precisam ser refletidos pelo nordestino na “Feira de Mangaio” e ninguém precisa refletir para se sentir entristecido, quando escuta a canção que fala do coração partido.
Frases já são “música” aos ouvidos. “Ah se eu acordasse todo dia com o seu bom dia, de tanto café na cama faltariam xícaras.”
Recentemente fiz referencia à MPB e criei um título “Canção da Dopamina”. (3) Meu objetivo foi dizer que as variações sonoras são identificadas pelos lobos frontais, como fonte de prazer: “tudo fica tão leve com você, que até te levo na garupa da bicicleta,”
Com os lobos frontais enriquecidos pelos neurotransmissores em dosagem certa, “o preto e branco tem cor, a vida tem mais humor e pouco a pouco o vazio se completa.” Nessa hora, da glândula pituitária acorda o hipotálamo, há liberação da ocitocina, que estimula o afeto, produz tranquilidade, reduz o medo, a ansiedade e a fobia.
Inicialmente, a letra de “Feira de Mangaio” aparenta difícil entendimento, mas pessoas com alto grau de empatia conseguem decifrá-la. A Neurociência diz que quando temos empatia alta somos mais aptos nesse processamento. As áreas medianas e laterais do córtex pré-frontal nas quais decodificamos informações sociais, estão maximizadas nessas ocasiões. Outra informação digna de registro é que o Sistema de Recompensa Cerebral possui menor evolução naquelas pessoas pouco empáticas. Elas observam a música de forma superficial e não são capazes de perceber a sua importância social.
Enfatizando, na alta empatia a música não atua apenas como uma forma de expressão artística, mas também como uma maneira de processar o mundo social, aquele onde acontecem as relações interpessoais. Diante de uma canção, é possível admitir que pessoas com alta e baixa empatia possam possuir pontos em comum, mas às sensações e estímulos cerebrais são diferentes.
Outra diferença está na capacidade humana de atrair, e sintonizar, espíritos desencarnados. Isso é importante porque eles podem se sentir como nossos adversários.
Desejando nos enganar, podem se  apoiar no “Princípio do Prazer”, quando surge a sugestão do uso e depois abuso de drogas.
A importância desses neurotransmissores pode ser enfatizada uma vez que neurônios dopaminérgicos degenerados explicam a doença de Parkinson.
As substâncias psicoativas acentuam o prazer, influenciando diretamente o sistema de recompensa, as drogas potencializam os efeitos de reforço da estimulação elétrica cerebral. A partir daí o espírito obsessor não precisa ficar mais 24 horas vigiando o seu “escravo dominado”.
Existem espíritos bons que podem nos ajudar a sair do fundo do poço, mas o passo inicial é vontade do obsidiado querer desligar-se do seu obsessor.
Na Irmandade  Anônima o poderoso medicamento utilizado é o amor, aquele contido nos “12 Passos”. (4)
Damos o primeiro passo e vamos perceber que “o errado se acerta, o quebrado conserta e assim tudo muda, mesmo sem mudar.” A paz se multiplica, porque o espírito amigo chegou para somar. (5)
Equilibrando-se nas cordas dos neurotransmissores e na doença da negação (6), o indivíduo na fraternidade chega a conclusão “que existe paraíso na Terra”, após conhecer o amor.
Nas “Irmandades” acabam aprendendo que “até que chegue ao estado de pureza perfeita, tem o Espírito que passar constantemente por provas. Mas, quando se eleva a um determinado grau, mesmo não sendo ainda perfeito, ele já não tem que sofrer provas. No entanto, ainda continua sujeito a deveres, nada penosos, mas cuja satisfação lhe auxilia o aperfeiçoamento, mesmo que esses deveres consistam apenas em auxiliar os outros a se aperfeiçoarem.”
Estamos diante do total entendimento do “Passo 12°”.
“Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuram agora transmitir esta mensagem de libertação aos irmãos alcoólicos e ainda praticar estes princípios, em todas as suas atividades.” (7)
Com um clique no link 8, Toquinho é capaz de tocar o cerebelo do leitor. Através da “Aquarela” surge o sentimento de satisfação, proporcional a empatia. Faça um teste. Empatia, alta ou baixa?



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