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Mostrando postagens de setembro 3, 2017

O PÃO DE ISABEL

Margarida Azevedo             Descendo a escadaria do palácio, envergando os seus trajes nobres, carregava o pão no regaço rumo às vielas, travessas e becos perdidos na imúndice da pobreza extrema.             Libertadora da fome silenciada, a rainha caminhava distribuindo, santa e bela, o alimento divino e puro. Os pobres tornam-se, assim, elemento fundamental de uma oração alicerçada na experiência dura de quem não tem voz; oração qual rota da seda, até ao ritual da produção e confecção do pão rumo a um fim aliviante, feito de alma.             Com isso, Isabel se purificava também, crescia na sua espiritualidade já elevada, na vivência de um evangelho todo prática, todo esperança, todo oração. Não ia pregar, ia exemplificar, dar testemunho de uma fé que, sem obras, é cega. Não era caridade, mas amor profundo, porque abordar Deus não é palavrear nem rebaixar quem recebe. Naquele pão estava Deus no silêncio das palavras. A nossa tradição judaico-cristã gira e