Então Jesus lhe perguntou: "Qual é o seu
nome? " "Meu nome é Legião", respondeu ele, "porque somos
muitos." [1]
Variadas
são as questões que envolvem o ser humano na busca do conhecimento de sua
identidade real .
Quem somos? É uma incógnita que há séculos o homem
tenta desvendar ou pelo menos saciar o desejo de se auto descobrir.
A
Doutrina Espírita nos aponta caminhos, ensinando que somos espíritos e que já experimentamos
muitos capítulos no limite do mundo físico, sob o guante da matéria grosseira e
fora dele , nas infinitas paragens do plano espiritual.
O
Espiritismo nos revela que somos compostos de três características
dimensionais, a saber: o espírito, isto é, princípio inteligente que preside o
pensamento , a inteligência e o senso moral;
o perispírito, que se consubstancia no vínculo que conecta o princípio
inteligente à estrutura física, invólucro de
natureza fluídica , leve, imponderável e, por fim, o corpo carnal, ou invólucro fisiológico para as inter-relações
com o universo tangível da vida material.
É
bem verdade que somos uma individualidade , por conseguinte indivisíveis, contudo,
que envergamos distintas personalidades, estagiando com diferentes nomes ,
sobrenomes, alcunhas etc. pelos quais diversos personagens nos reconhecem e nos identificam em cada etapa
existencial.
Obviamente
nossas personalidades sofreram e sofrem influências de natureza endógena (interna)
e exógenas (externa). As influências endógenas (interna) são aquelas advindas
da nossa realidade espiritual, ou seja, um patrimônio que nos escolta por eras
incontáveis e se encontra armazenada na memória emocional, na herança genética,
e nas múltiplas aprendizagens enquanto individualidade.
As
influências exógenas (externa) são as que nos chegam no dia a dia pelas
experiências pessoais, bem como pelas influências de potências mentais
provenientes doutras pessoas encarnadas ou não.
Dotados
de um amplo acervo mento espiritual permanecemos entre o enlevo do consciente e
do inconsciente, manifestando-se em idas e vindas nas estruturas infinitas do
nosso eu indivisível. Algumas vezes, visitamos determinadas regiões do
inconsciente e daí entronizamos manifestos escombros tangendo para emoções sobrecarregadas,
ambíguas, tensas.
Por
vezes paralisamos os sentidos , permanecemos inermes e estertoramos na agonia
íntima. Doutras vezes nos encontramos tão interligados com o eu real que olvidamos
que somos seres imortais e que urge prosseguir na evolução para a aquisição dos
valores transcendentes.
O aforismo grego "Conhece a ti
mesmo"pode nos trazer grandes revelações e muitas
surpresas, porquanto somos entes incompletos, ansiosos, múltiplos em desejos,
emoções e sensações. Dessa forma, sem sombra de dúvidas existe uma legião
inclusa em cada um de nós, todavia, o que almejarmos e vencermos em nós mesmos
nas próximas experiências reencarnatórias definirá o lapso de tempo para nossa
união definitiva com o Cristo.
Como
observamos a receita para o autoconhecimento é antiga e Agostinho, ex-bispo de
Hipona, nos oferece a fórmula para aquisição desse tesouro, vejamos: “Fazei
o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha
consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara
a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que
cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma.”
[2]
Nessa
indispensável busca para compreendermos quem
somos é forçoso observarmos os convites do Evangelho , dispondo-nos a realizar
novas descobertas a fim de ascendermos
na hierarquia espiritual o EU aguardado pelo Divino Senhor.
Assim
nada se faz de novo mas tudo se revela para aquele que deseja encontrar –se com
o verdadeiro .
Perguntará
o Senhor: Qual o seu nome? Que dirá?
Meditemos
ainda hoje quem somos e o que podemos
realizar em favor de nós mesmos.
*Jane
Maiolo – É professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada
em Psicopedagogia. Formanda em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de
Psicanálise Contemporânea. Colaboradora da Sociedade Espírita Allan
Kardec de Jales/SP. Pesquisadora do Evangelho. Colaboradora da Agenda Brasil
Espírita- Jornal O Rebate /Macaé /RJ – Jornal Folha da Região de Araçatuba/SP
–Blog do Bruno Tavares Recife/PE-Apresentadora do Programa Sementes do
Evangelho da Rede Amigo Espírita. janemaiolo@bol.com.br –
Nota
da autora:
O
termo "legião", ao tempo do Cristo, era uma referência aos soldados
romanos que permaneciam em território palestino e assim subjugavam toda a nação
judaica. Nas interpretações subsequentes ganhou o sentido de
"muitos".
Referências Bibliográficas
:
[1]
Marcos 5:9
[2] Kardec, Allan. O livro dos espíritos,
questão 919-a (mensagem de Santo Agostinho), RJ: Ed FEB, 2009