Nenhuma sociedade é plenamente feliz (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
O
vocábulo felicidade deriva do latim felicitas que vem de felix
(ditoso, afortunado, feliz). Num sentido amplo é a ausência de todo o mal, e,
vivência plena do bem. Em geral, um estado de satisfação devido à própria
situação do mundo.
Desde
a década de 80 do século XX há uma chamada "ciência da felicidade", e
alguns pesquisadores, ainda no universo do paradigma oficial utilitarista,
estão tentando criar um índice econométrico, a tal “Felicidade Interna Bruta”,
capaz de medir o nível de felicidade dos cidadãos de um país. Os estudos
apontam, por exemplo, que a riqueza não consolida a felicidade das pessoas no
mundo desenvolvido. Proteger um crescimento econômico continuado não significa
ter como objetivo uma sociedade mais feliz.
Países
nórdicos como Finlândia, Noruega e Dinamarca ocupam os primeiros lugares em
rankings de felicidade e bem-estar. Todavia, um relatório do Conselho de
Ministros Nórdicos e do Instituto de Pesquisa da Felicidade de Copenhague
sugere que a reputação dos países nórdicos como "terras da
felicidade" estão mascarando problemas importantes de alguns segmentos da
população, especialmente dos jovens entre 16 e 24 anos.
O
pesquisador Michael Birkjaear afirmou ao jornal britânico The Guardian, que os
mais jovens estão sozinhos e estressados e têm desordens mentais. Há uma
epidemia de transtornos mentais e de solidão nos países nórdicos. No período de
cinco anos da pesquisa, só na Noruega houve um aumento de 40% no número de
jovens que pediram ajuda por dificuldades relacionadas à saúde mental
O
relatório diz ainda que na Finlândia, classificada como o país mais feliz do
mundo em 2018, o suicídio foi responsável por 35% de todas as mortes nessa
faixa etária.
Embora
3,9% das pessoas na região nórdica tenham citado níveis classificados como
"sofrimento", essa taxa em outros países é muito maior: 26,9% na Rússia
e 17% na França. Sob esse ponto de vista, as perspectivas na Dinamarca,
Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia ainda são relativamente cor de rosa, mas
não são tão perfeitas quanto algumas a pintaram. (1)
A
felicidade é uma atraente sensação que experimentamos de euforia, uma percepção
vivaz; todavia ela não ocorre em condições contínuas e permanentes, porquanto
felicidade não é o mesmo que euforia. Alguns procuram estados eufóricos sob
efeito dos fármacos psicoativos. Em verdade, se a felicidade não for simples,
se ela for ornada em excesso, inchada de coisas inúteis, nesse caso não é
felicidade, é apenas ilusão.
Mas,
será que "pode o homem gozar de completa felicidade na Terra? Os Espíritos
afirmam que "não! Por isso que a vida nos foi dada como prova ou expiação.
“Depende de cada um a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto
possível na Terra.” (2)
Não
podemos esquecer que a Terra é um mundo atrasado sob o ponto de vista moral.
Por isso, a felicidade total não se encontra aqui no orbe, todavia em mundos
mais evoluídos. Em nosso planeta, a felicidade é relativa, conforme encontramos
descrito no item 20 do capítulo V de "O Evangelho segundo o Espiritismo”.
(3)
A
felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a
felicidade de um, constitui a desventura de outro. Nenhuma sociedade é
perfeitamente feliz, e o que julgamos ser felicidade quase sempre camufla
penosos desgostos. O sofrimento está em todos os lugares. As amarguras são
numerosas, porque a Terra é lugar de expiação. Quando a houvermos transformado
em morada do bem e de Espíritos bons, deixaremos de ser infelizes, assim,
enquanto houver um gemido na paisagem em que nos movimentamos, não será lícito
cogitar de felicidade isolada para nós mesmos.
Referências
bibliográficas:
[1]
disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-45320175%20
acesso em 06/09/2018
[2]
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2000, perg. 920
[3]
Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, RJ: Ed FEB, 2003, item 20,
Cap. V