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Antes que o copo transborde

Luiz Carlos Formiga 



Antes que o copo transborde 

Existem pessoas que só procuram um psicólogo quando não conseguem encontrar saídas para os impasses que a vida coloca, gerando sofrimento. 
Se você tem pensamentos suicidas está precisando de ajuda. Buscar socorro com um profissional que cuida da dor na alma, não deve ser decisão tomada só quando estamos passando por momentos de angústia ou depressão, mas para que possamos nos conhecer melhor e viver bem.
Quando discutimos e passamos a conhecer os nossos limites, tendemos a relacionamentos interpessoais bem melhores. Não acredite no estereótipo que nos induz a pensar que a terapia e a análise são soluções apenas para a “loucura”.
Não existem dúvidas de que um profissional da Saúde Mental pode auxiliar a “viver melhor”.
Viver melhor aqui não quer dizer que devemos estar exatamente mais adequado ao mundo e aos seus valores, estar “politicamente correto” diante da ideologia que desejam nos impor, mas em paz consigo, com sua consciência, ainda que isso signifique tencionar as relações que estabelecemos com aqueles que nos rodeiam.
Podemos fazer terapia visando mudar nosso comportamento a partir da razão. Com a análise, passamos a perceber que também somos determinados por causas que não são acessíveis na consciência.
Podemos e devemos procurar ajuda profissional, quando estivermos nos sentindo imobilizados, parados, sem sair do lugar; quando nossa  vida não avança ou fazemos coisas que estão nos prejudicando.
Devemos procurar ajuda, ainda,  quando sentimos que estamos repetindo más escolhas, quando não estamos conseguindo cumprir nossos objetivos, apesar de sabermos que somos capazes e que isso é perfeitamente possível .
Por qual linha teórica optar em termos de Psicologia? Na verdade, não existe uma linha teórica melhor ou superior à outra. A resposta é individual, assim a escolha vai se dar a partir da formulação da demanda pela pessoa e de seu conforto, diante da abordagem oferecida. Se você tem dificuldades para se abrir, lembre, que como em todas as relações intersubjetivas, sempre haverá dificuldades iniciais no estabelecimento da relação clínica. No entanto, tudo pode ser superado.
Você é cidadão de um mundo, onde a depressão cresce. Não temos superpoderes e na chuva vamos nos molhar. As depressões em todos os continentes aumentaram quase 20% numa recente década, transformando-se na maior causa de incapacidades.  O número de pessoas com depressão chegou em 2015 a 322 milhões, 18,4% a mais que em 2005. Quando o assunto é saúde mental, a prevenção deve ser motivo de preocupação para prevenir que o número cresça.
Outra coisa, depressão não é sinônimo de tristeza. Sabemos que “tristezas não pagam dívidas”,  mas depressão aumenta a taxa de juros. A tristeza dura algumas horas, alguns dias. A depressão torna a dívida muito maior, pois sem tratamento certo, pode durar meses ou anos. Diante de uma tristeza que dura mais de 15 dias, faça empréstimo, com juros bem menores, com um médico, pois tem cura. Ela, a depressão, é um quadro de sofrimento mental, onde a pessoa não encontra recursos psíquicos próprios para a superação. Poderá ser necessário o uso bons medicamentos.
Fique alerta diante de quadro variável de apatia; perda ou diminuição de interesse e prazer pela vida; insônia; ansiedade; irritabilidade; angústia e prostração. Podem surgir reflexos físicos, como perda de peso e cansaço sem motivo aparente.
Fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida, os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio.
O suicídio é um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção é a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que acredita ser letal. Ele é a consequência final de um processo. Um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. Um comportamento com determinantes multifatoriais. Resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos, culturais e socioambientais. O desfecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo.
Impedientes diversos podem frustrar a detecção precoce e a prevenção. A existência do estigma e o tabu levam ao medo e a vergonha de falar abertamente. Lutar contra eles é fundamental para que a prevenção bem-sucedida. Com o preconceito as pessoas acabam se sentindo excluídas e discriminadas.
Cada suicídio tem sério impacto na vida de, pelo menos, outras seis pessoas. As taxas vêm aumentando globalmente e estima-se que até 2020 poderá ocorrer incremento de 50% na incidência anual em todo o mundo. Precisamos de sua ajuda. O número de vidas perdidas, a cada ano, ultrapassa o número de mortes decorrentes de homicídio e guerra combinados. O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídios. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes. Um aumento de mais de 30% em jovens e pode haver subnotificação.
Vamos enfatizar que são dois os principais fatores de risco. Uma tentativa prévia de suicídio é o fator preditivo isolado mais importante. Pacientes que tentaram suicídio previamente têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente. Estima-se que 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado previamente.  Sabemos que quase todos os suicidas tinham uma doença mental, muitas vezes não diagnosticada, frequentemente não tratada, ou, não tratada, de forma adequada.
Quem e o que sou? Nas Ciências Jurídicas a pessoa é o valor fonte de todos os valores, sendo o principal fundamento do Ordenamento Jurídico. A vida é o supremo bem. Mas, qual a natureza de uma pessoa. Não se esqueça, somos seres de natureza biológica, psicológica, social e espiritual. Espiritualidade não é o mesmo que religião. Pode estar relacionado à procura de uma filosofia de vida positiva. Aí o psicólogo pode ajudar e muito.
Desconstruindo mitos.
Não é verdade que o suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio.
Não é verdade que as pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção.
Não é verdade que se uma pessoa que se sentia deprimida e pensava em suicidar-se, em um momento seguinte passa a se sentir melhor, normalmente significa que o problema passou.
Não é verdade que quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive à uma tentativa de suicídio, está fora de perigo.
Não é verdade que não devemos falar sobre suicídio, pois isso pode aumentar o risco.
Não é verdade que é proibido que a mídia aborde o tema suicídio.
A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública.
Por outro lado, é verdade que você é pessoa importante, não apenas no nosso ordenamento jurídico, mas nessa hora, quando precisamos desconstruir mitos.
Fontes.
Suicídio: informando para prevenir. 2014. Conselho Federal de Medicina (CFM). Associação Brasileira de Psiquiatria.
Você sabe a diferença entre análise e terapia? Veja quando procurar um psicólogo. Larissa Ricci. 2017.

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