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Adolescentes que “casam” e ou engravidam precocemente (Jorge Hessen)

Adolescentes que “casam” e ou engravidam precocemente (Jorge Hessen) 

Jorge Hessen 
jorgehessen@gmail.com 

Estreando mais cedo na prática sexual e estando mais suscetíveis às influências dos adultos, as adolescentes são vítimas das induções psicológicas da sociedade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, os últimos disponíveis, indicam que 877 mil mulheres que têm hoje entre 20 e 24 anos se “casaram” quando tinham até 15. 
Segundo estudo realizado pelo Instituto Promundo entre 2013 e 2015, Maranhão e Pará são os Estados com maior prevalência de “uniões” precoces. O levantamento mostra que as meninas se “casam” e têm o primeiro filho, em média, aos 15 anos. A pesquisa atribui o “casamento” infantil a três causas principais. 
A primeira é vulnerabilidade das comunidades, caracterizada por baixos níveis de escolaridade e infraestrutura, e fraca presença do Estado. Em segundo lugar, as adolescentes querem sair da casa dos pais porque desejam começar a namorar e, por isso, veem no “casamento” uma forma de fuga das proibições dos pais. A terceira causa é a fragilidade das estruturas familiares, que leva as meninas a buscar estabilidade e segurança fora de casa. 
A ânsia por liberdade, a desestrutura familiar e a vulnerabilidade das comunidades atingem também os grandes centros urbanos, especialmente a periferia das cidades. É o retrato de um Brasil sacudido por uma violenta crise ética, alimentada pela petulância e cinismo presentes nalguns juízes do ineficaz STF (nossa suprema corte de justiça) e da desonestidade de políticos que deveriam dar exemplo de integridade moral e honradez. 
A responsabilidade também pode ser compartilhada com o povo, com os governantes, com os formadores de opinião e pais de família, que, num exercício de anticidadania, aceitam que uma nação além de corrupta seja ainda definida no exterior como o poleiro do sexo fácil, barato, descartável. É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um paraíso cultural de promiscuidade, corrupção, um oásis excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras e fantasias sexuais com crianças e adolescentes conterrâneos. 
A juventude está atônita, sem alicerces morais intensos, ofuscada, com influências extremamente sensualistas. Nas crônicas históricas, jamais um jovem teve contato tão aberto com mensagens erotizantes como nos dias atuais, graças à Internet. Esse trágico quadro moral nos remete à filosofia do prazer que impulsiona a recondução do adolescente à era das cavernas, fazendo-o mergulhar nos subterrâneos das orgias e ali entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio pela busca do deleite alucinado pelo prazer imediato do sexo. 
No Sudeste brasileiro há casos em que meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos típicos bailes (funk e análogos) engravidam. No Nordeste há diversos casos de aliciamento de menores, muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Cada vez mais cedo, e com maior magnitude, as excitações da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos diversos e desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica, das drogas, do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade exibida e outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que relaxam em demorar-se à frente da educação dos próprios filhos. 
Uma adolescente que “casa” e ou engravida precocemente é, sem dúvida, uma pessoa cujos direitos foram violados e cujo futuro fica comprometido. O “casamento” e ou gravidez precoce ecoa a indigência e a repressão de cúmplices (família e comunidade). Não obstante esse caótico cenário, há muitas adolescentes que têm atividade religiosa oferecendo um conjunto de valores morais que as encoraja a desenvolver comportamento sexual equilibrado. 
De ordinário, uma adolescente evangelizada, fiel ao recado de Jesus (independente do rótulo religioso que abrace), é, quase sempre, bastante rígida no que diz respeito à constituição familiar e abstenção da prática sexual pré-marital. 
Lembremos que pais equilibrados produzem lares equilibrados; lares equilibrados resultam em filhos equilibrados, mesmo que resvalem em algumas compreensíveis e pequenas falhas humanas. 

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