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Doutores, Doutorandos, Saúde Mental e NEU


Doutores, Doutorandos, Saúde Mental e NEU
Luiz Carlos Formiga


No Rio de Janeiro, resistindo à dominação “política” o primeiro Núcleo a surgir foi o NEU-Fundão (UFRJ), tendo como norte o “Estatuto das Casas do Caminho”.
Uma “Carta aos Companheiros”, assinada por dois espíritos, José Petitinga e Vianna de Carvalho foi muito útil na sua implantação.
Algumas afirmações merecem ser recordadas:
“O excesso e rigorismo em matéria de organização podem matar a alma do ideal, formando um corpo frio, inexpressivo...”.
 “Há lugar para todos trabalharem; não, porém, como pretensos chefes, hierarquizados perigosamente e com uma supervalorização dos títulos e conquistas mundanos.”
“A realeza é, sempre espiritual. A superioridade, em nossos labores, é de qualidade moral”.
“Se o Plano Superior já te permite pisar na seara espírita não te limites à prece”.(1)
Falei em “resistência ao domínio comunista” porque Marx é muito estudado nas universidades públicas brasileiras e nelas a religiosidade/espiritualidade é cercada de preconceitos, mesmo que seja oriunda de fé raciocinada.
Em 1924, Léon Denis diz que “longe de nós o pensamento de criticar os comunistas de convicção sincera, que desejariam estabelecer na Terra o regime social que reina, provavelmente, nos mundos superiores. Esse regime exige qualidades morais e sentimento de altruísmo que não existe senão em condições excepcionais em nosso mundo egoísta e atrasado.” Denis reconhece que “são aspirações generosas, mas prematuras e inaplicáveis na sociedade atual, onde não encontramos membros animados por uma fé intensa e espírito de sacrifício”.
Este autor espírita, por outro lado, diz que “não será através do crime e pelo sangue que se poderá fundar um regime de fraternidade, de solidariedade e de amor.”
No mesmo século XX encontramos “o Espiritismo pulsando livremente antes da 2° Guerra Mundial na antiga Tchecoslováquia. Depois os regimes políticos acabaram com o Espiritismo. O que sobreviveu ao Nazismo foi destruído pelo Comunismo.
As religiões não eram bem vistas e eram consideradas inimigas pelo regime. Os Centros Espíritas foram confiscados e qualquer atividade nesse sentido era proibida. Algumas pessoas foram presas e encarceradas ou constantemente vigiadas. (2)
Impossível criar um NEU naqueles tempos. Mesmo hoje, nestas duas últimas décadas, foi necessário acumular resistência à frustração, principalmente porque a maioria não está nem aí para essa iniciativa. Já destacamos a resiliência, que está ficando fora de moda, anteriormente. (3) Mas bom exemplo é o de Ingeborg Rapoport e sua tese sobre “Difteria”. (*)
Tenho estudado essa doença desde o curso de graduação e não aguentaria esperar 78 anos, para receber o título de “doutor”, (4) até porque o doutorado é prejudicial à saúde mental. Estudos recentes dizem que 39% dos doutorandos sofrem de depressão moderada ou severa, frente a 6% da população geral. (6)
O leitor deve imaginar o sufoco que é a “temporada de caça ao orientador”, para um jovem espírita, fugindo do poder neurótico.
O orientador pode influir na saúde mental de seus doutorandos. Nem todos podem ser como aquele que trabalhava na Universidade do Espírito, que citamos no artigo “Universidade da alma”. (5)
 “O orientador é relevante tanto direta como indiretamente para a saúde mental dos doutorandos” (6)
Os membros de um NEU podem ajudar estudantes, vivendo em condições estressantes?
As atividades do NEU são programadas com o objetivo de desenvolver a espiritualidade do ser. Procura-se desenvolver a fé e a esperança. (7)
Certamente um NEU, que aponta na direção da Ética, da Ciência, da Filosofia e da Moral, pode ser mais uma alternativa, embora talvez a mais humilde, na prevenção de distúrbios mentais, quando diante de orientadores que são verdadeiros tiranos. (8)
Um NEU pode ser útil para o despertar da consciência de sono de alguns professores orientadores?
Ingeborg Rapoport obtém o seu doutoramento depois de 78 anos. Quantos não chegarão aos 102? (4).
Diante da atual situação do nosso país, que chegou à “corrupção da inteligência”, que estratégias mentais deveremos empregar para sobreviver com um mínimo de sanidade, em meio ao caos?
Victor Grinbaum, que não é espírita, oferece e desenvolve rapidamente seis passos nessa direção: ame; não se apegue a bens materiais; reze; esqueça o julgamento alheio; estude e brigue. Este último é um mandamento caudatário do nº 4 (9)

(*) Comentamos ainda sobre essa doença em 2010, alguns anos após a deixar a condição de docente-pesquisador, na universidade.

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