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PREPARAÇÃO PARA A MORTE

Roberto Cury


Não, não pretendo escrever um texto aterrador e muito menos espicaçar com os sentimentos de quem quer que seja, praticando necrológios como se isso me causasse um gosto pelos meandros inescrutáveis do além túmulo.
Apenas buscarei, aqui, enfocar o tema para que a passagem, a que todos nós estamos inexoravelmente comprometidos, nos seja suave e sem tensões próprias dos despreparados ou dos que “morrem de medo de morrer”, argumentado que não sabem o que os espera do outro lado da vida.
Então encontrei a seguinte história que transcrevo, na íntegra e cujo autor desconheço.
A história que segue tem o título de ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM.
Conta-se que, há muito tempo, um fazendeiro possuía muitas terras ao longo do litoral do Atlântico.
Horrorosas tempestades varriam aquela região extensa, fazendo estragos nas construções e nas plantações.
Por esse motivo, o rico fazendeiro estava, constantemente, a braços com o problema de falta de empregados. A maioria das pessoas estava pouco disposta a trabalhar naquela localidade.
As recusas eram muitas, a cada tentativa de conseguir novos auxiliares.
Finalmente, um homem baixo e magro, de meia-idade, se apresentou.
Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.
Bom, respondeu o candidato, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou.
O homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer ao anoitecer.
O fazendeiro deu um suspiro de alívio, satisfeito com o trabalho dele.
Então, numa noite, o vento uivou ruidosamente, anunciando que sua passagem pelas propriedades seria arrasadora.
O fazendeiro pulou da cama, agarrou um lampião e correu até o alojamento dos empregados.
O pequeno homem dormia serenamente. O patrão o sacudiu e gritou:
Levante depressa! Uma tempestade está chegando. Vá amarrar as coisas antes que sejam arrastadas.
O empregado se virou na cama e calmo, mas firme, disse:
Não, senhor. Eu não vou me levantar. Eu lhe falei: posso dormir enquanto os ventos sopram.
A resposta enfureceu o empregador. Não estivesse tão desesperado com a tempestade que se aproximava, ele despediria naquela hora o mau funcionário.
Apressou-se a sair para preparar, ele mesmo, o terreno para a tormenta sempre mais próxima.
Para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos com lonas firmemente presas ao solo.
As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os frangos estavam nos viveiros e todas as portas muito bem trancadas.
As janelas estavam bem fechadas e seguras. Tudo estava amarrado. Nada poderia ser arrastado.
Então, o fazendeiro entendeu o que seu empregado quis dizer. Retornou ele mesmo para sua cama para também dormir, enquanto o vento soprava.
Então raciocinemos: se os ventos gélidos da morte nos viessem, hoje, arrebatar um ser querido ou a nós mesmos, estaríamos preparados?
Se reveses financeiros, instabilidade econômica levassem nossos bens de rompante, deixando-nos à margem da vida e na extrema pobreza material, estaríamos preparados?
A religião que professamos, a fé que abraçamos devem nos preparar o Espírito, a mente e o corpo para os momentos de solidão, pranto e dor.
Enquanto o dia sorri, faz sol em nossa vida, fortifiquemo-nos, preparemo-nos de tal forma que, ao chegarem os tsunamis, soprarem os ventos e a borrasca nos castigar, continuemos firmes, serenos e felizes pelo dever cumprido.
Não percamos mais tempo e comecemos ainda hoje, agora, neste instante, a nossa preparação.




POEMA
            Roberto Cury

Sol,
Luz, esperança e formosura!

Costumes, temperamentos,
vontades, sentimentos...

Somos o que somos,
nem sempre o que fomos...

Somos corpo e alma,
acanhamento, calma,
orgulho e vaidade,
às vezes saudade,
outras serenidade...

Onde nos encontrarmos,
seremos individualidade,
sobranceiredade,
ternura,
doçura,
amor perene!

Não importa
se na cidade,
se no campo,
o que vale
é sermos sempre
felicidade!

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