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O espírita não pode ser “miragaia de presépio” (Jorge Hessen)


Jorge Hessen

Será que Kardec algum dia imaginou que no futuro no Brasil surgiria um padrão de divulgação do espiritismo tão estranho e extravagante? Aqui os palestrantes vão se tornando cada vez mais santificados e adorados pela liturgia mística de ingênuos seguidores “espiritas”.
Tais idólatras espargem ares de ingenuidade e vão abarrotando os indigentes e onerosos congressos espíritas, realizados não por acaso nos amplos centros de convenções, a fim de que haja superávit financeiro tendo em vista a mantença do poder da liderança do movimento espírita tupiniquim.
O tema é recorrente. Empregamos aqui algumas expressões agudas, sabemos disso, porém a postura crítica é fundamental para o desenvolvimento da racionalidade espírita em sua difusão. Sabemos que jamais se aprenderá espiritismo por catequese como ocorre nas religiões tradicionais, nem mesmo por meio de espaçosos cursos (com o uso de apostilas intuído pela FEB) e palestras repetitivas onde o público “ouve” ou “escuta” passivamente.
Espiritismo se aprende pelo método ativo, através do amplo diálogo em que os diversos debates doutrinários, psicológicos, morais, científicos, sociais são discutidos e confrontados com as hipóteses propostas pelos espíritos nas obras de Allan Kardec. Aliás, um congresso espírita, para ser produtivo deveria ter este desígnio.
Basta de idolatrias! O espírita não deve agir qual “vaquinha de presépio”, aceitando “verdades” individuais elencadas por endeusados oradores, pois cada espírita precisa descobrir-se, conhecer a si mesmo e buscar estudar os conceitos que lhe chegam para depois compará-los com os princípios dos Espíritos.
Essa deve ser a postura zelosa do espírita prudente e racional, que busca compreender, para só depois aceitar, se assim o almejar (ou não) as verdadesempacotadas pelos livros e compactadas pelos bramidos dos ilustres palestrantes.

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