Na década de 1970 (#), o Espírito médico
Bezerra de Menezes oferece resposta, resumida por Mário Tamassia (30/5/1979). Questão
formulada: “por que, sendo médico,
dirigindo no Além uma grande falange de irmãos dessa especialidade, no Espaço,
cobrindo o vasto território do Brasil geográfico e espiritual, quando se
comunica, por si ou por proposto em seu nome, mais discreteia sobre Evangelho, Amor, Jesus, do
que nos adianta algo sobre terapêutica, diagnóstico, parecendo-nos desligado da área biomédica?
As mensagens mais novas dão a mesma
impressão.
No Centro Espírita André Luiz, no Rio de
janeiro, em 2008, Bezerra pergunta: “como podiam os carrascos nazistas matar no
campo de concentração e, chegar ao lar, sorridentes, afetuosos, bons esposos e
bons pais?”
Esclarece dizendo que “essa fragmentação da psique fazia que uma área do cérebro lhes desse a
visão de estarem agindo corretamente, tanto nas câmaras de extermínio, nas
experiências científicas perversas, como no doce aconchego da família.”
Em seguida orienta: “médiuns, que todos somos – do Bem ou das aflições; da Verdade ou da
ignomínia – busquemos a sintonia perfeita com Jesus e nos entreguemos às Suas Mãos, porque, na condição de Pastor
de Misericórdia, guiar-nos-á no Seu rebanho ao aprisco da paz.”
Em Mentes
Perigosas, que citamos em Tu
me Amas?, a médica psiquiatra faz alerta.
“Os psicopatas
podem permanecer uma vida inteira sem serem descobertos. Eles transitam pelas
ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo
teto, dormem na mesma cama.”
“A
estatística é assustadora. São 4% da população: 3% são homens. Assim, a cada 25
pessoas, uma é psicopata. Seus atos criminosos provêm de um raciocínio frio e
calculista combinado com a incapacidade de perceber pessoas como seres humanos.”(1)
Em 2010,
Brasília, Bezerra recomenda: “Não repitam a experiência da mulher de Ló, o patriarca
hebreu que, possuidora de fé frágil, olhou para trás em busca dos prazeres
perdidos, transformando-se em estátua de sal, desiludida pela aridez das falsas
ilusões. Façam
brilhar a própria luz, meus filhos! Este é o clamor do Evangelho, hoje e sempre!"(2)
Há registro de uma aula de Jesus
sobre o julgamento de Deus, lembrando o apego da mulher de Ló (Lucas 17:
20-37). A advertência é cheia de significado para os
estudiosos do evangelho. Esse julgamento pode vir de forma repentina e,
eventualmente, sem aviso prévio, embora justo.
Ló, órfão ligou-se ao tio Abraão que o
orientou profissionalmente. Ricos, decidiram se separar. Ele se destinou às
melhores terras, na direção de Sodoma, cidade má e imoral.
A região escolhida por Abraão e Sara,
apontava noutra direção. Destaca-se no casal a fé e a confiança que depositavam
nos desígnios do Alto.
Embora as terras de Canaã fossem menos
atraentes para os negócios era a escolhida por Deus. Sara não se preocupou com
uma habitação perfeita para os prazeres imediatos e a vida social. Era outra a
prioridade.
Na Bíblia, não está claro se Ló se casou
com uma mulher da nova região, ou se já era casado,
sendo a esposa posteriormente influenciada pelo ambiente do Jordão.
Alguns anos passaram, e Deus resolveu
destruir Sodoma e as cidades vizinhas. Ló foi à falência. Descrentes, os noivos
de suas filhas ficaram na cidade condenada. A mulher de Ló, em desobediência
aos mensageiros do Alto, olhou para trás e se tornou “estátua de sal”.
O abuso do vinho levou Ló e as duas filhas
ao incesto. Este dá origem aos nômades que se tornaram inimigos do povo de
Israel, descendentes do tio.
Com a mulher de Ló, Jesus lembra nossas
tendências, olhar para trás, aquelas com que nos prendemos às coisas materiais,
em detrimento das espirituais. (Lucas 17: 28). “Tendência” é domínio afetivo
quando tudo fica por conta da emoção, por amor a Mamon.
“Onde
está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mateus 6:19-34).
Na década de 1960, em “Problemas do Mundo” Bezerra diz: “O mundo está repleto de ouro. Ouro no solo, no mar, nos
cofres. Mas o ouro não resolve o
problema da miséria. O mundo está repleto de espaço. Espaço nos continentes, nas cidade, nos
campos. Mas o espaço não resolve o problema da cobiça. O mundo está repleto de
cultura. Cultura no ensino, na técnica, na opinião.
Mas a cultura da inteligência não resolve o problema do egoísmo. O mundo está repleto de teorias. Teorias na ciência, nas escolas filosóficas, nas religiões.
Mas as teorias não resolvem o problema do desespero. O mundo está repleto de organizações. Organizações administrativas, econômicas,
sociais. Mas as organizações não
resolvem o problema do crime.
Para extinguir a chaga da ignorância, que acalenta a miséria;
para dissipar a sombra da cobiça, que gera a ilusão; para exterminar o mostro
do egoísmo, que promove a guerra; para anular o verme do desespero, que promove
a loucura, e para remover o charco do crime, que carreia o infortúnio, o único remédio eficiente é o Evangelho de Jesus no coração humano.
Sejamos, assim, valorosos, estendendo a Doutrina Espírita que
o desentranha da letra, na construção da Humanidade Nova, irradiando a
influência e a inspiração do Divino Mestre, pela emoção e pela ideia, pela
diretriz e pela conduta, pela palavra e pelo exemplo e, parafraseando o
conceito inolvidável de Allan Kardec, em torno da caridade, proclamemos aos
problemas do mundo: fora do Cristo não
há solução”. (3)
Há uma crescente preocupação internacional
na identificação de princípios universais, tendo como base valores éticos
compartilhados. Nas Ciências Biomédicas
importa não esquecer que a pessoa inclui em sua natureza diversas dimensões.
Dimensão biológica, psicológica, social, cultural e espiritual. Suas interações
nos fazem crer que a sensibilidade moral e a reflexão ética são partes do
processo de desenvolvimento pessoal, científico e tecnológico.
As recomendações de
Bezerra foram feitas por três médiuns diferentes. Na universidade, estimulou-nos
a escrever sobre valores, aos pares da biomédica e do direito. (4)
No final da década de 1970, Bezerra nos fala através de Ilse Hinz
Passarelli, a mesma que recebeu comunicação do Espírito, ex-presidente do
Brasil. Juscelino Kubitschek de Oliveira, em sessão intima realizada na
residência do Jornalista Mário Tamassia. Esta foi primeiro publicada, com
grande repercussão, pelo jornal "Desobsessão", órgão do Hospital
Espirita de Porto Alegre, RGS. (5)
Com a médium Ilse, em transe inconsciente,
Bezerra responde sobre “parecer desligado
da biomédica”.
Tamassia informa que a resposta foi longa e
que, no Jornal Espírita, estava apresentando apenas uma síntese. O escritor diz,
ainda, que a mensagem de Bezerra lhe pareceu importante para médicos e mais
ainda para os doentes.
Pessoas em transe hipnótico, quando são
levadas pela regressão de memória, aos momentos iniciais da vida depois que
atravessam o canal de parto, informam a sensação incômoda de “se verem
comprimidas pelo corpo pequeno”. Estou me sentindo assim, ao tentar fazer uma
síntese, da síntese de Tamassia, para o leitor.
Creio que uma frase utilizada pelo
escritor, advinda do guia Silver Birch,
Londres, pode acender um farol: “se uma cura qualquer não tocar a alma do
indivíduo, de nada valeu ser curado.”
Isso aconteceu com o médico-paciente que
não acreditou na cirurgia espiritual a que foi submetido, quando sua válvula
defeituosa cardíaca foi substituída por uma nova, sem uso de anestesia, com o
coração “batendo” e com desprezível hemorragia, na presença de vários médicos
“vivos”. Após a melhora da “asma cardíaca” este paciente, que era professor de
medicina, continuou incrédulo. Um dos médicos que assistiu “a troca do pneu do
carro cardíaco andando”, disse que o paciente viveu bem, mais de sete anos, quando
apresentou quadro súbito de intensa dor no peito e teve um infarto fulminante.
Do outro lado da vida, este médico incrédulo deve ter ficado confuso: “serei
eu, por acaso, um espírito?” (6)
Voltemos ao escritor Tamassia e Ilse Passarelli,
para ouvir parte da resposta, da pergunta intrigante. O leitor que é muito curioso
deverá me desculpar pelo “super-resumo”.
Diz Bezerra, Jornal Espírita. SP, novembro
1979, que “assistimos na Terra a luta do homem
matéria versus o homem espírito. O
ser humano está colocado entre dois poderosos imãs. Patenteia-se uma
obliteração visual que o tornam um sonâmbulo inconsciente, levando-o a
descaminhos. Alguns são convocados para o equilíbrio, mas quando lhe é lançada
no imo a boa semente de que trata a parábola do Semeador, sufoca-a por medo ou
orgulho. Estes dois geram as costumeiras evasivas, para fugir a compromissos.”
Um fruto, que não sei de que árvore, pode
ajudar nessa hora: “só se encontra a
saúde, a cura, a si mesmo, quando se descobre que é preciso optar pela vida,
por amor à vida, e não por medo da morte.”
Bezerra diz: “quando encarnado militava na Medicina. Agora desencarnado, continuamos
nesse mister, todavia com uma visão mais ampla.”
Em 1979, após o doutorado sentimos a
vontade primeira de escrever sobre valores, para os meus colegas. Em 2010, mais
amadurecido, publicamos o artigo. Um "Centro de
Referência" na UERJ. Prevenindo demandas judiciais. Microbiologia In Foco, Ano 03, Nº 11: 10-16, São
Paulo, SBM. Antes
tarde do que nunca! (7)
Como Paul Gibier e Lamartine
Palhano,(*) não abandonamos o Departamento
de Microbiologia Médica, nem o de Patologia e Laboratórios. Agora, na terceira
idade, estamos fazendo cursinho pré-vestibular,
para tentar depois do desencarne, uma matricula como calouro na “Universidade
da Alma”, Cidade Universitária do Espírito, como no Anuário Histórico. (8)
Que me perdoe o Tamassia, vou usar apenas mais um pequeno trecho de seu resumo.
Diz Bezerra: “o exercício desta Medicina de Outro Mundo, a que me filio aqui, aponta
o progresso da alma como medicamentação
básica. O doente necessita ser esclarecido: de que a cura depende de sua
cooperação e que essa cooperação envolve um problema de crescimento espiritual.
Eis, a razão, porque o nosso exercício profissional, na qualidade de Médicos do
Além, se mistura a pregação evangélica, fortalecendo a nossa fraqueza, com Jesus no coração e insistindo na
difusão de preceitos que conduzem o homem à reforma interior”. Bezerra fala de
valores, de Ética.
Creio que o leitor aceitaria mais conteúdo,
mas agora só desenhando.
Imagine três escadas. Uma chama-se QI,
outra QE e uma terceira QS, com o escritor espírita Jorge Andréa examine as “Inteligências”.
(9)
Na escada da afetividade, da emoção (10), destacaríamos
ações, com palavras que sobem degraus: os verbos perceber, receber, escolher, concordar,
ampliar, vibrar, aceitar, buscar, servir, converter, sublimar. Neste último estágio
encontramos o Espírito Matilde. (11)
Espírito ainda mau, em determinado momento,
Gregório se preparava para atacar um desafeto. Surge acompanhado de sua
organização criminosa (Orcrim) e inicia a investida através de palavrões duros
e violentos. Após a agressão aguarda a reação. Articula novos impropérios,
demonstrando acentuado desapontamento, em face dos insultos sem resposta. O
terrível diretor de legiões sombrias abeirou-se do adversário e bradou:
“levantar-te-ei, por mim mesmo, usando os sopapos que mereces.”
Espirito de Luz Matilde, mãe generosa, havia
verificado clima vibracional favorável para materializar-se e voltar aos olhos
do filho, míope pelo ódio. Ela se apresenta
diante dele..
Gregório escuta a voz cristalina e terna
de Matilde, exortando-o, com delicada firmeza.
Gregório não resistiu.
Dizem que as preces das mães chegam aos
céus com carimbo de “prioridade”.
Na realidade, Bezerra não está desligado
da biomédica, mas trabalha pela “cura real sustentada”. Para fazer a sua opção utilizou
a terceira escada, a Inteligência Espiritual (QS). Ainda quando encarnado entre
nós, percebeu a importância do Tratado de Imunologia ditado por Jesus, aquele
que é o Coração da Bíblia.
Em novembro de 2017 (12), Bezerra continua o mesmo. Está ligado!
(#) Jornal Espírita, SP. Novembro de 1979
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