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ENTREVISTA COM PROF. ANTONIO CÉSAR PERRI DE CARVALHO

ENTREVISTA COM PROF. ANTONIO CÉSAR PERRI DE CARVALHO

BOTUCATU, 22-09-2015


Antonio César Perri de Carvalho

Perguntas ao Prof. Antonio César Perri de Carvalho - ex presidente da USE-SP e da FEB; atual membro do Conselho Superior da FEB - Brasília-DF – e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional, quando esteve em visita à Botucatu-SP, na UNESP - Instituto de Biologia - pelo PROGRAD/UNESP, em 22-09-15:


Jornal "O Caminho da Luz":

A comunidade espírita botucatuense, hoje bastante ampliada, é muito grata pelo seu empenho desde sua atuação no Movimento de Unificação em Araçatuba-SP, depois na capital paulista e agora em Brasilia-DF. Como o confrade descreve os progressos do movimento espírita brasileiro?

Perri – O movimento espírita brasileiro tem e crescido quantitativa e qualitativamente. Atualmente são aproximadamente 14 mil centros no país. De acordo com dados do Censo de 2010, em percentual, os espíritas cresceram significativamente em comparação com o Censo do ano 2000. O importante é o belo e produtivo trabalho que é efetivado junto às comunidades em todas as regiões do país..

Suas passagens por Botucatu-SP na década de 1980-90, sempre junto com sua equipe de trabalho ( sua esposa Célia, confrade Nestor Masotti, seu irmão Dr. Paulo, prof. Madeira e outros) deixaram inesquecível lembrança entre nós. Quais as espectativas do orgão diretivo nacional ( FEB ) quanto à expansão do Movimento Espírita Nacional e Internacional?

Perri – Em nossa trajetória de vida e de movimento espírita tivemos a felicidade de conviver com grandes companheiros e contar com o apoio e participação da esposa. E atuamos em todos os níveis, desde os momentos iniciais na mocidade e no centro espírita. Nos últimos 15 anos houve atuação decisiva do Conselho Federativo Nacional da FEB e do Conselho Espírita Internacional. Documentos de trabalho importantes e muito úteis foram elaborados de forma coletiva. Nossa expectativa é o aprofundamento desta linha de trabalho para cada vez mais se atuar de forma participativa e envolvente com os centros, que são a base do movimento espírita.

Temos acompanhado seus artigos na Revista Internacional do Espiritismo ( RIE- Matão-SP ) e gostaríamos de saber sua opinião em relação à expectativa de outras nações sobre o papel esperado do Brasil no que diz respeito à acolhida de imigrantes aqui.

Perri – Em nossa atuação junto ao CEI e visitas e atuações em dezenas países, sempre sentimos uma grande expectativa na relação respeitosa e participativa do movimento espírita brasileiro. Numa ótica ampliada de solidariedade e de fraternidade, cremos que o Brasil deve sempre abrir os braços e acolher os imigrantes.

Recentemente, este Jornal e a RIE publicaram matéria sobre 'Centro Espírita em tempo integral'. Foi sugerido que a casa espírita não cerrasse as portas e mantivesse atividade permanente de acolhida e difusão ( ou escola ). O que o senhor acha da ideia?

Perri – Concordamos plenamente com a idéia e conhecemos alguns centros, em várias partes do país, que já atuam durante todo o dia. Inclusive, abrem oportunidades a trabalhadores, que às vezes, somente podem ir ao centro logo cedo, antes do trabalho, e a idosos – faixa etária que cresce -, e que naturalmente têm mais dificuldade de freqüentar o centro à noite. É uma questão de se preparar equipes para a atuação ao longo do dia.

A FEB está na capital federal - centro político nacional. O senhor recomenda a atuação política dos espíritas?

Perri – O Conselho Federativo Nacional da FEB aprovou já para dois qüinqüênios, desde 2007, o “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro”, a diretriz “Participação na sociedade”. As atuações em defesa da vida, na assistência e promoção social, na prevenção de desequilíbrios pessoais, de saúde e no âmbito social, a em participação em conselhos municipais previstos na Constituição, são atuações políticas. Há diferença entre atuação política – no sentido vasto -, e de atuação político-partidária. Esta última é uma opção pessoal, mas com o cuidado de não se mesclar com o movimento espírita.

Na Faculdade de Medicina de Botucatu-UNESP, um grupo de jovens espíritas ( profissionais e estudantes ) propôs um programa de estudos ( 1990 ) que resultou em Projeto de Extensão Universitária ( aprovado pela Reitoria ) denominado "SAÚDE E ESPIRITUALIDADE". Realizou neste ano o seu XII Congresso. Está sendo proposta à FMB a inclusão de Disciplina curricular com o mesmo nome. Como o senhor vê essas iniciativas? 

Perri – Com entusiasmo e boa expectativa. Temos conhecimento de algo semelhante ocorrendo em universidades estrangeiras. Nos EUA há vários grupos de pesquisa universitários analisando a relação da religiosidade, saúde, e expectativa de vida. Conhecemos pessoalmente em evento da A.M.E. nos EUA, o prof. Harold Koenig, que realiza pesquisas nesta área. Afinal, saúde não é a resultante de um equilíbrio bio, psíquico e social?

Em 2014 fundamos aqui em Botucatu a Associação Médico Espírita e, em 2015, ela desenvolve trabalho de pesquisa aprovado pela Comissão de Ética da FMB-UNESP, sobre "Ação do passe espírita na ansiedade". Qual a opinião do Conselho Federativo da FEB sobre essas iniciativas no campo médico?

Perri – Daremos nossa opinião pessoal, favorável plenamente à idéia. No período em que fomos presidente da FEB, autorizamos que a Associação Médico Espírita do Brasil e a do Distrito Federal, a utilizarem a sede da FEB, em Brasil, para o atendimento de projeto similar. E implantamos o Conselho Nacional da Entidades Especializadas da FEB, o ilustra o apoio e interesse que temos com tais Entidades, como a A.M.E. Brasil.

Temos acompanhado inúmeras manifestações em torno da chamada 'data limite' ( Chico Xavier- Pinga-Fogo, 1972 ). Qual a abordagem recomendada sobre o assunto tão polêmico?

Perri – Entendo que não devemos ficar presos a interpretações superficiais de palavras de Chico Xavier. Precisamos aproveitar o exemplo dele, de trabalho e dedicação incessante para a renovação interior e de produtiva interação para com o próximo, e, no limite de nossas forças e de nosso tempo. Cada um deve fazer sua parte na etapa de transição em que vivemos. É o papel do Espiritismo como o “Consolador Prometido” pelo Cristo.

Que o senhor pensa sobre a educação infantil e espiritualidade? A técnica de meditação pode ajudar?

Perri- A criança deve ser compreendida como ser integral desde cedo. Já temos conhecimento de adoção dessas técnicas, de forma adequada, à infância. Vivemos em uma época que não cabem mais os “engessamentos” programáticos e metodológicos. As escolas formais já caminham de forma diferente há algum tempo, desde as premissas da UNESCO para a educação, de 1998; as idéias de Edgard Morin que marcaram aquele período, e, a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, de 1996.

Quais os encaminhamentos da FEB ou suas idéias para a atualidade brasileira?

Perri – Ratificamos o que já dissemos em outra questão, e enfatizamos que é necessária a colocação em prática das diretrizes do “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2012-2017)”, elaborado, discutido, e aprovado pelo Conselho Federativo Nacional da FEB, que é integrado pelas Entidades Federativas Estaduais do país. As oito diretrizes devem subsidiar e fundamentar planos de ação locais e regionais, a serem elaborados em cada ambiente, de acordo com as diferentes necessidades e demandas das localidades. Particularmente, e entendendo que em coerência com o citado ”Plano”, estamos preocupados e agindo no sentido de se refletir sobre a simplicidade que deve caracterizar nossa atuação para, efetivamente, atingirmos a maior parcela de nossa população, levando-se em consideração a chamada “pirâmide social”. Relacionada com esta linha de atuação está o nosso foco com a divulgação do Evangelho à luz do Espiritismo, incluindo o estímulo ao estudo e a difusão de “O Evangelho segundo o Espiritismo”. Constatamos que esta obra básica de Kardec, com raras exceções, vem sendo utilizada para leituras preparatórias e em algumas citações em palestras. Precisamos nos alinhar – na prática – com a grande proposta do “Consolador Prometido”. Vale a pena relermos e meditarmos sobre o conteúdo das partes introdutórias dessa obra do Codificador: a mensagem do Espírito de Verdade e as considerações de Kardec.


(*) Fonte: Jornal "O Caminho da Luz"

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