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Junto aos simples nas montanhas da Guatemala (*)


Antonio Cesar Perri de Carvalho


Em viagem a convite da Cadena Heliosophica Guatemalteca, membro do Conselho Espírita Internacional, na condição de dirigente da FEB e do CEI, comparecemos em junho de 2014 juntamente com a esposa, a eventos na Guatemala, em sua capital Ciudad de Guatemala e na cidade de San Marcos. 

Além de nossa atuação na capital, na sede da Escuela Luz y Caridad e da Obra Assistencial Bezerra de Menezes, participamos do IV Congresso Espírita Guatemalteco, com desenvolvimento de temas sobre a educação moral, e realizado em San Marcos. Esta cidade se localiza nos chamados altiplanos guatemaltecos e durante a viagem se vislumbram vários vulcões. Na região há predomínio de descendentes dos maias. 

Num dia frio e chuvoso, chamou-nos a atenção que os frequentadores do Congresso, descem das montanhas, muitos a pé, e chegam aos grupos, com suas famílias. Alguns chegam com vestes típicas e com as crianças pequenas presas em suas costas. Permanecem atentos às palestras o tempo todo. Seus filhos, crianças e jovens, tiveram participação artística e doutrinária, relacionadas com o tema do evento. 

Ao cumprimentarmos ou dialogarmos com os moradores da região, sentíamos que demonstravam um grande respeito pelos visitantes. E de nossa parte sentíamos um forte impacto, motivado pela extrema simplicidade deles e as manifestações de intenso interesse pelos assuntos espíritas. Aliás, um conhecimento ancestral, ligado à tradição dos nativos - os maias -, daquele país.

Ao final, cada familia levava livros espíritas para casa, doados pela equipe do Congresso. Houve farta distribuição de livros espíritas em espanhol, ofertados pelo Conselho Espírita Internacional, e, em grande quantidade, pela Mensaje Fraternal/IDE. Esta última, há mais de 35 anos, tem efetiva atuação na região, doando livros editados em espanhol de Chico Xavier e de Allan Kardec.

Ressaltamos que o apoio aos habitantes dos altiplanos daquele país da América Central é um trabalho sistemático e continuado, de décadas, efetivado por equipes da organização espírita nacional, a Cadena Heliosophica Guatemalteca.

Essa atuação na Guatemala, como outras que participamos em vários Estados de nosso país, despertam nossa percepção para a necessidade do Movimento Espírita de chegar às bases - ao pretender atuar em todas as faixas sociais -, e, provavelmente, à grande maioria da população, ao se considerar a “pirâmide social” do país.

Torna-se oportuna a evocação das experiências do cristianismo primitivo como meios de incentivo a essas reflexões e adequações em todas as áreas de atuação. No livro “Boa Nova”, psicografado por Chico Xavier, há oportuna crônica sobre o Sermão do Monte e que antes de proferir as Bem-Aventuranças – pobres e aflitos; sedentos de justiça e misericórdia; pacíficos e simples de coração – Jesus teria dialogado com interlocutores de Cafarnaum: “É também sobre os vencidos da sorte, sobre os que suspiram por um ideal mais santo e mais puro do que as vitórias fáceis da Terra, que o Evangelho assentará suas bases divinas.”1

Também são marcantes as recomendações do Doutor da Lei – Paulo de Tarso - que se transformou em homem do povo: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador dele” (I Coríntios, 9:22-23).

A experiência guatemalteca também nos faz meditar na epopéia de Francisco de Assis e na ação rotineira de Chico Xavier em Pedro Leopoldo e em Uberaba. 

Fonte:

1) Xavier, Francisco Cândido. Pelo espírito Humberto de Campos. Boa nova. 36. ed. Cap. 11. Brasília: FEB.


(*) Transcrito da Revista Internacional de Espiritismo Setembro/2015

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