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Parábola do Credor Incompassivo (Mateus, 18:23-35)

Arnaldo Rocha


O reino dos céus, afinal,
É a um rei comparado
Que quis ajustar contas
Com os servos endividados.

E, começando a cobrá-los,
Sem dar mais adiamentos,
Se lhe apresentou um deles
Que lhe devia dez mil talentos.

Mas como ele não tinha
Os meios de lho restituir,
O que o senhor ordenou
Agora vamos reproduzir:

Obrigou que vendessem
A mulher, os seus filhos, ele
E tudo o quanto possuía
Para pagar as dívidas dele.

Lançando-se-lhe aos pés,
Suplicou o servidor:
- Senhor, tem mais paciência
E eu te pagarei o que for.

Tocado de compaixão,
O senhor o favoreceu;
Deixando-o, enfim, partir,
Sua dívida esqueceu.

Mas este mesmo servidor,
Mal tendo dali saído,
Deu um exemplo contrário
Ao que havia recebido.

Encontrando pela frente
Alguém que conhecia,
Tomou-o pela garganta,
Pois cem denários lhe devia;

E, quase o sufocando,
Ele foi logo falando:
- Restitui o que me deves...,
Disse isso esbravejando.

Jogando-se-lhe aos pés,
Suplicou o companheiro:
- Tem mais paciência
Que pagarei teu dinheiro.

Mas ele não deu ouvidos
E na prisão o colocou
Até que lhe pagasse
O que este o emprestou.

Então, os outros servos,
Extremamente afligidos,
Foram avisar ao senhor
O que havia acontecido.

O senhor, fazendo-o vir,
Deu-lhe uma grande lição
Para que ficasse sempre
Gravada em seu coração:

- Mau e infiel servidor,
Eu te perdoei, ouviste?
De tudo o que me devias
Porque isso me pedistes.

Não seria preciso, pois,
Que do teu companheiro
Tivesses total piedade
Como tive de ti primeiro?...

E o senhor, encolerizado,
Aos carrascos o entregou,
Até que pagasse tudo
O que ele lhe confiou.


E, dessa forma, o Meu Pai,
Que está no céu, vos tratará
Se, do fundo do coração,
As faltas do irmão não perdoar.

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