Pesquisando
aqui e ali esbarrei com histórias curiosas. Uma delas foi o recente reencontro
entre dois amigos (ex-jogadores de futebol) que se uniram deslumbrados pela
bola e após abandonarem os gramados seguiram rumos opostos. Seus nomes? Ronaldo
Souza e Carlos Eduardo se conheceram na década de 1990 no pequeno time da
Portuguesa da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Contudo a vida dos dois
tomaria caminhos diferentes: Carlos virou magistrado e Ronaldo traficante de
drogas. Decorridos quase 20 anos, o caminho dos dois se cruzou outra vez e,
graças à intervenção de Carlos (o magistrado), Ronaldo (o criminoso) ganhou o
benefício de trabalhar fora da cadeia. [1]
A
história dos dois começou na juventude. Além da Portuguesa, a dupla atuou junto
em outros times pequenos do Rio. Carlos jogava mais pela ala esquerda e Ronaldo
era centroavante. Posteriormente, separados, eles passaram por vários clubes do
Brasil. Carlos jogou no Vila Nova,
Aracruz e União Barbarense, mas percebeu que o futebol não lhe daria equilíbrio
financeiro. Estudou muito e se formou em direito e em seguida passou no
concurso de juiz. Hoje, é o titular da vara de Execuções Penais e cuida dos
cerca de 25 mil presos do Estado do Rio.
Ronaldo,
porém, nos últimos anos de carreira, já desmotivado, começou a se envolver no submundo
do crime. Foi preso em 2003. O processo criminal de Ronaldo caiu na mesa de
Carlos em dezembro de 2014. Com um atestado de bom comportamento na prisão, Ronaldo
solicitava o benefício de trabalhar fora da cadeia. Carlos, impedido de decidir
por ter laços de amizade com Ronaldo, deixou o processo nas mãos de outro juiz.
Mas, como titular da vara, foi ele quem assinou o documento que oficializou o
benefício.
No
dia do reencontro no fórum, Ronaldo parecia tenso, constrangido, mas a gratidão
no rosto e nas palavras prevaleceram. Pronunciou ao amigo e então meritíssimo
juiz que “na lei da semeadura colhemos o que semeamos, então temos que procurar
plantar coisa boa, pra colher coisa boa, sei que infelizmente não plantei o
melhor”. Após agradecer a oportunidade e relembrar os momentos de jogador, o
tão esperado momento de sair do carceragem enfim aconteceu.
Outro
episódio singular ocorreu na corte de justiça de Miami nos EUA, quando dois
ex-colegas do “ginasial” se reencontraram em situações de vida bastante
adversas. Em uma sessão, a juíza Mindy Glazer reconheceu Andy Booth (acusado de
assalto e distúrbios na ordem de trânsito) – como seu ex-colega de turma.
O acontecimento (difundido pelo You Tube) e citado pela imprensa internacional foi ainda mais impactante quando a juíza pronunciou, em palavras francas, que Booth era “o cara mais legal da escola”. Entretanto, diferente do desfecho entre o juiz Carlos e o traficante Ronaldo, ocorrido no Rio de Janeiro, lá nos EUA o assaltante Booth chorou muito diante da ex-colega de ginásio quando a reconheceu. A juíza Glazer lastimou a situação do ex-colega de escola e aplicou-lhe a penalidade cabível, emitindo sinceros votos para que Andy conseguisse mudar o próprio futuro.[2]
O acontecimento (difundido pelo You Tube) e citado pela imprensa internacional foi ainda mais impactante quando a juíza pronunciou, em palavras francas, que Booth era “o cara mais legal da escola”. Entretanto, diferente do desfecho entre o juiz Carlos e o traficante Ronaldo, ocorrido no Rio de Janeiro, lá nos EUA o assaltante Booth chorou muito diante da ex-colega de ginásio quando a reconheceu. A juíza Glazer lastimou a situação do ex-colega de escola e aplicou-lhe a penalidade cabível, emitindo sinceros votos para que Andy conseguisse mudar o próprio futuro.[2]
Tais
fatos incomuns e inesperados foram amplamente divulgados, e valem como uma
sentença para reflexões: a todo momento devemos fazer opções na vida e as alternativas
cotidianas edificam nossa história. Gradativamente vamos bancando nossa caminhada
e cada dia em que preenchemos os espaços da experiência com boas decisões
precisa ser celebrado. A conquista de uma situação social digna e segura é erigida
palmo a palmo, dia após dia, insistindo no caminho do esforço e do bem.
Na
Lei de Causa e Efeito estão compendiadas as dinâmicas que harmonizam as
demandas ético-morais. Compreendemos que a justiça humana está apoiada na
legislação terrestre, sob códigos judiciais instituídos pelos juristas. Quando
há uma demanda qualquer, os conhecedores desses códigos analisam o processo,
julgam e decidem os corretivos aplicáveis ao réu. A justiça dos homens se
alicerça no arbítrio e segundo a visão dos meritíssimos.
Contudo,
considerando a justiça divina a apreciação das infrações tem outra conotação. Os
efeitos dos atos se dão de forma direta e natural, sem intercessores. Numa falta,
a punição se situa de modo adequado e interrompe espontaneamente, com os
mecanismos do arrependimento eficaz, da expiação e da reparação do erro.
Nos
códigos da justiça divina não há dois pesos e duas medidas. Inexiste espaço
para injustiças e as leis são inabaláveis e não podem ser burladas. As leis
divinas não admitem exceções, nem concessões. Todavia, como reconhecer essas
leis? Ora, auscultando a consciência, que é onde está escrito o código divino.
Se
sabemos que as consequências dos nossos atos ocorrerão, que somos herdeiros das
nossas obras, podemos suscitar, se quisermos, efeitos suaves para o futuro. Se
hoje padecemos as sequelas de atos equivocados já cometidos, basta enfrentar os
efeitos, sem nos queixar dos sofrimento, e agir com um comportamento
ético-moral harmônico com o resultado que aspiramos conseguir amanhã.
No
campo moral a justiça divina rege a vida humana, distribuindo a cada um segundo
as próprias obras, sem intermediários. Destarte, se desejamos um futuro próspero,
procuremos acertar nossos passos em consonância com a consciência, que é sempre
um guia infalível onde estão grafadas as leis do Criador.
E,
se não tivermos certeza de como agir corretamente, recordemos aquela regra de
ouro: “façamos aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem” [3], e
não há como errar.
Referências:
[1] Disponível
em http://globoesporte.globo.com/programas/esporte-espetacular/noticia/2013/08/o-traficante-e-o-juiz-um-reencontro-anos-apos-abandonarem-o-futebol.html acesso 28/07/15
[2] Disponível
em http://revistamarieclaire.globo.com/Web/noticia/2015/07/suspeito-de-roubo-chora-em-julgamento-ao-reconhecer-que-juiza-era-sua-amiga-de-escola-assista.html
acesso em 28/07/15
[3] Mateus 7:12