NATAL COMUNISTA, FILHOS E AMOR
Muitos
estudaram os vínculos afetivos. Winnicott associou seus estudos a questões
educacionais e tornou-se importante referência. “Somente se há uma mãe suficientemente boa é que a criança inicia um
processo de desenvolvimento que seja pessoal e real. Se a maternagem não é
suficientemente boa, então a criança torna-se uma coleção de reações à
imposição, e a verdadeira identidade da criança falha em se formar ou se torna
escondida atrás de uma falsa identidade..."
No estudo dos
amores da vida adulta destaca-se Bauman em “O Amor Líquido”.
“A fragilidade dos vínculos amorosos na
atualidade em todas as relações, desde as mais íntimas (na família, por
exemplo). A indiferença na relação entre os cidadãos é a expressão radical da
prevalência dos interesses pessoais sobre os coletivos. Relaciona essa
fragilidade com o excesso de individualismo e aponta a solidão das pessoas como
um de seus efeitos.”
O sociólogo
moderno exemplifica com: “o uso do
telefone celular em um grupo de pessoas (uma família) estando todos também
conectados com outros universos/pessoas que podem estar em vários lugares do
mundo. Nenhuma delas está verdadeiramente presente, escutando o outro naquele
grupo presencial. Há uma copresença. Essa conectividade com o mundo é marcada
pela rapidez e pela superficialidade”. (1)
Educador consciente sabe que o
período infantil é o mais propício para a internalização de valores ético-morais.
"Os pais têm por missão desenvolver
os valores de seus filhos pela educação, tarefa pela qual se tornarão culpados,
se vierem a falir no seu desempenho".
Nestes dias de “amor líquido”
teremos que unir esforços para poder oferecer aos nossos amores a certeza de
que “a vida continua”. (2) Como
ensinar esta realidade a essas almas ainda no corpo infantil? Com jovens
interessados o processo é mais fácil. Podemos nos socorrer da Ciência Espírita,
aquela que traz de volta a mensagem de Deus.
No plano de ensino e nas
estratégias podemos explorar as diversas evidências científicas sugestivas disponíveis,
elas favorecerão o surgimento da religiosidade amadurecida, aquela que é capaz
de encarar a razão face a face e possui grande poder transformador.
Nossos objetivos serão
formulados tendo em conta a “inteligência espiritual”, além dos domínios
cognitivo, afetivo e psicomotor. São esses os objetivos que quando alcançados
nos transformam em pessoas dinâmicas e sem nos tornar fanáticos.
Nossas iniciativas farão a revolução
do pensamento no autoconhecimento, levando em conta o invisível, o impalpável,
o imponderável e o adimensional na busca da verdade. Com o jovem é mais fácil
trabalhar, mas como ensinar espíritos reencarnados ainda no corpo infantil?
Lembro-me de uma conversa com uma
pedagoga, que aprendemos a chamar carinhosamente de “Tia Vilma”. (3)
“Com a criança, no ensino da
imortalidade da alma, somente teremos bons resultados se lhe demonstrarmos como
se vive, quando sabemos que somos imortal.” Falava da Pedagogia de Jesus.
Como será o Natal num país comunista?
Certamente isso já é um sério desafio.
A Academia Chinesa de Ciências Sociais teme o avanço
da cristianização. Faixas de “Feliz Natal!” são abertamente expostas nas
ruas comerciais da China comunista. Alguns acham que tudo é uma abordagem
puramente comercial; outros que é o apelo cultural da modernidade, associada
com o Ocidente.
Entre as entidades intelectuais mais
próximas do poder central, este fascínio pelo Natal é observado com cautela,
quando não com hostilidade. O fenômeno é visto como “contrário ao espírito de
patriotismo”.
Em 2014, a Academia chegou a publicar um
livro para detalhar os “mais sérios desafios” que estão surgindo no país e
citou explicitamente quatro: os ideais democráticos exportados pelas nações
ocidentais; a hegemonia cultural ocidental; a disseminação da informação através
da internet e a infiltração religiosa.
Pouco depois, dez estudantes de doutorado
chineses publicaram um artigo em que analisam o fenômeno denunciado como
“frenesi do Natal” e apelam ao povo chinês para rejeitá-lo.
A hostilidade é justificada porque nos jardins de infância e
nas escolas primárias e secundárias, os professores compartilham com as
crianças a festa da Sagrada Natividade, montam árvores do nascimento de Jesus
e distribuem presentes pelo seu
nascimento. Assim, imperceptivelmente, semeiam na alma das crianças uma cultura
importada e uma religião estrangeira.
Por mais que o governo tente sufocar
o cristianismo no país o fato é que os encontros com Cristo continuam cada vez
mais frequentes, definitivos e imparáveis na China.
Aguardemos a regeneração. Nada como um dia
atrás do outro.
Como será quando os chineses descobrirem
que Jesus voltou para dar aula prática para Tomé? (5)
1. Bock, A. Psicologias. Uma Introdução ao Estudo
da Psicologia. São Paulo. Saraiva, 2008.