CURTO-CIRCUITO COGNITIVO-ESPIRITUAL
Jorge Andréa, médico-psiquiatra diz que existem três variedades de inteligência que, apesar de se apresentarem
em seus degraus, correspondem a um só bloco com uma única origem espiritual.
Assim, uma linha horizontal representaria o coeficiente de inteligência (QI), a
posição mais simples de pequeno desenvolvimento.
A partir da
década de 90 do século XX, nasce a chamada inteligência emocional, o denominado
QE, podendo ser representado por linha oblíqua, de modo a traduzir um grau mais
avançado de inteligência. Uma linha vertical representaria o mais expressivo
grau de inteligência, a espiritual, o QS. Nesta, as ligações neuronais
alcançariam posições bastante complexas, com ativa participação da base
cerebral, zona do conhecido lobo límbico.
Este modelo
mais aparelhado engloba todos os graus de inteligência, com pensamentos
ordenados, participando das criações psicológicas em que a intuição representa
a mola mestra do processo. (1)
E os fetos anencéfalos?
Estatisticamente, 75% deles já nascem
mortos e os que sobrevivem tem uma expectativa extrauterina em torno de 48
horas. Se há
dúvidas sobre o diagnóstico, é possível que abortos sejam autorizados para
casos que não são de anencefalia. É importante comparar o caso do anencéfalo
com outras situações, mas que não autorizam
a decretação da morte do paciente. A vida humana não pode ser
relativizada com base em critério subjetivo e arbitrário. Havendo vida e vida
humana, atributo do feto e bebe anencéfalo, se está diante de um valor jurídico
fundante e inegociável.
Independentemente das características que
assuma, a vida vale por si mesma mais do que qualquer bem humano supremo. A dignidade está presente no ser humano que
esteja vivo, ainda que sofra de doença terminal ou esteja potencialmente
causando sofrimento a outro ser humano. Cabe referir que um
corpo pode existir sem alma, não sendo homem mas massa de carne sem
inteligência. Que é a alma? A resposta no “Livro dos Espíritos” diz que é “um
espírito encarnado”. Mas, que era a alma antes de se unir ao corpo? “Um
Espírito”.
Depois dos anos 2000 surge a revolução da informação,
para ampliar conquistas admiráveis. Hoje há imperiosa necessidade do
autoconhecimento. Essa revolução nos traz a realidade da imortalidade da alma e
da reencarnação. Quanto mais desenvolvidas as inteligências, cognitiva, emocional e principalmente espiritual, maior
a distância entre o Deus dos universos e aquele feito à imagem humana. (2)
Diante do feto, de vida breve, pode-se
dizer que para encontrar o sentido
dessa vida, e do sofrimento, não é necessário adquirir a certeza do fadista:
“foi Deus que deu luz
aos olhos, perfumou as rosas, deu ouro ao sol
e prata ao luar.” (3) Mesmo sem Deus podemos enfrentar a dor na alma,
mas tudo se torna mais fácil quando sabemos que foi Ele que deu voz ao vento.
Enfatizamos que viver em
condições de sofrimento é encontrar sentido na dor.
Diz Allan Kardec: "às penas que o espírito experimenta na
vida espiritual ajuntam-se as da vida corpórea, que são consequentes às imperfeições
do homem, às suas paixões, ao mal uso de suas faculdades e à expiação de
presentes e passadas faltas."
Emmanuel comenta, no Livro
Justiça Divina, psicografado por Chico Xavier
- “O caluniador está sentenciado à
repressão da própria língua, o ofensor
está sentenciado ao ferrete da consciência, o criminoso está sentenciado a
carregar consigo o padecimento das próprias vítimas.
Sentenciados, sim! A vida, porém, não nos suplicia pelo prazer de
atormentar. À face de nossa destinação à suprema felicidade, estamos intimados
ao bem, impelidos ao progresso, endereçados à educação e policiados pela
justiça. Cada conta exige resgate proporcional aos débitos assumidos, com o
remorso de quebra.”
Nesta hora de eleição, vamos
lembrar o Ministro Cezar Peluso e seus argumentos em favor da vida
intrauterina. Ele é quem diz: “a natureza não tortura.” (4)
Diante de um feto teratológico há
dor na alma. O sofrimento psíquico é inerente à vida humana, mas não é coisa
que lhe degrade a dignidade. O crime de aborto pressupõe gravidez em curso e
que o feto esteja vivo.
O ordenamento jurídico reconhece o indivíduo
ainda no seio materno como sujeito de direito, enquanto portador de vida. Ele
não é uma coisa, e não sendo, também, objeto de direito alheio, a mãe não tem
poder jurídico de disposição sobre o filho anencéfalo!
A alegação de que a morte possa ocorrer no
máximo algumas horas após o parto em nada altera a conclusão segundo a qual,
atestada a existência de vida em certo momento, nenhuma consideração futura é
forte o bastante para justificar-lhe deliberada interrupção. De outro modo,
seria lícito sacrificar igualmente o anencéfalo recém-nascido e ainda com vida.
Uma mulher tem o direito de
levar a termo uma gestação com uma criança seriamente afetada, mesmo quando isso
representa uma carga financeira e social imensa para toda a sociedade. A ausência de perfeição ou
potência, embora tenda a acarretar a morte nas primeiras semanas, meses ou anos
de vida, não é empecilho ético nem jurídico ao curso natural da gestação, pois
a dignidade imanente à condição de ser humano não se degrada nem se decompõe só
porque seu cérebro apresenta formação incompleta.
O doente de qualquer idade, portador de
enfermidade incurável, de cunho degenerativo, em estado terminal, sofre e também
causa sofrimento, mas não pode, por isso, ser executado. Na ínfima
possibilidade de sobrevida, na sua baixa qualidade ou na efêmera duração
pressuposta, o argumento para ceifa-la por impulso defensivo, por economia ou
por falsa piedade, é insustentável à luz da ordem constitucional que declara,
sobreleva e assegura valor supremo à vida humana. Pergunta o Ministro: como infringir
a pena de morte ao incapaz de pressentir a agressão e de esboçar qualquer
defesa? Por outro lado, se
desumanizarmos o embrião, aí sim, poderemos adormecer
consciências.
A mesma pessoa
que argumenta contra o aborto, em defesa da vida intrauterina, pode ser
encontrada entre os que apoiam governos materialistas, adeptos da “morte in útero”, através do voto e nas redes
sociais. Como explicar a incoerência?
Tenho na
minha família um refém “em curto”. Ele me lembra o estado psicológico
encontrado na síndrome de Estocolmo, pois está apaixonado pelo seu político
populista-sequestrador.
Em relação à cultura da morte, entre nós, um
dos primeiros atos foi assinatura do Plano Nacional de Políticas para as
Mulheres, onde há o compromisso de legalizar o aborto no Brasil. Em Abril de
2005, foi apresentado à ONU um documento com o compromisso de legalizar o aborto durante aquele mandato
presidencial.
A descriminalização do aborto seria
diretriz do programa de governo inclusive para um segundo mandato. Em setembro de 2009,
foram condenados, por infração contra a Ética Partidária, dois deputados
federais, da base aliada, por terem se posicionado contra o aborto.
Em junho de 2012, o governo declara que o
sistema de saúde acolheria mulheres que desejassem fazer aborto e as orientaria
na utilização correta dos métodos. O argumento foi que é crime praticar o próprio aborto, mas não é crime orientar uma mulher
na sua realização.
No ano seguinte, 01 de agosto, foi sancionada a Lei 12.845. Que 2013! Que agosto!
Que desgosto! (5)
Candidatos a cargos eletivos se camuflam e,
como cordeiros paz e amor, podem subir ao monte da
autoridade e do poder, porém, enganam o povo e o esquecem depois. São tiranos
disfarçados em condutores envenenando a alma da multidão.
Um político
influente questionou: “somos uma seita,
guiada por uma pretensa divindade, onde quem fala a verdade é punido e os erros
e ilegalidades são varridos para debaixo do tapete?”
Podemos encontrar políticos adeptos de “uma seita que navega no terreno pantanoso
do sucesso sem crítica, do poder sem limites, onde a corrupção, os desvios, as
disfunções que se acumulam são apenas detalhes”. Nestas condições de
“religiosidade sequestrada” acontece o “curto-circuito
cognitivo-afetivo-espiritual”, um colapso imprevisto no funcionamento mental,
que pode provocar problemas, quando “nada
parece importar, nem mesmo o erro de eleger e reeleger um mau governo”. (6)
A esperança é a última que morre,
mas tudo parece não ter solução. Já comentamos sobre a desesperança anteriormente.
(7)
Quem canta seus males espanta!
Fiquemos então com o churrasco e o
bom samba brasileiro.
Já não se pode esperar nem mesmo acreditar no que eles todos disseram,
irmão. E não se pode pensar que alguém vem nos salvar e nos dar o teto e pão. Morrem
pessoas lá fora a cada dia que passa aumenta a fumaça e o povo bebe a cachaça, tentando
esquecer a sua opinião.
Ficam
as pessoas aflitas sem direção passando fome e a preguiça cedendo ao dragão.
Tudo
passa. Tudo fica sem solução. (8)
Leia
mais
2. Anestesia, Deus e Dor Humana. Artigo a ser
publicado no dia 29 de julho de 2018. Revista “O Consolador”. http://www.oconsolador.com.br/ano12/575/especial.html