Overdose de carpe diem e os fenômenos da neuroplasticidade
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Jane Maiolo |
Pois eu tenho a certeza de que nada pode
nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras
autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro. (Romanos
8 : 38,39)¹
A sociedade atual experimenta uma instabilidade
generalizada em face de um panorama de incertezas que se projeta no horizonte. Aqueles
que concebem apenas a unicidade da experiência física deparam-se com a necessidade
de prosseguir vivendo sem se afligirem com os obstáculos da caminhada, repensando
meios de conquistarem a felicidade fugitiva.
As pessoas, cientes que a vida física é uma experiência do
espírito imortal, devem buscar as lições norteadoras do bem, cônscios da tutela
do Cristo, a fim de buscarem a renovação
dos valores essenciais nas vastas experiências nas quais todos estamos
incursos. Vivemos tempos céleres, rápidos, tempestuosos. Tempos já vividos dantes,
histórias que se repetem, lições abortadas e novos recomeços.
A cultura do “carpe diem” , muito difundida e tão
pouco refletida , nos estimula as mais intensas emoções da matéria. Vivemos um
período alucinante por sensações imediatas, onde os pensamentos desorganizam,
os sentimentos se confundem e as emoções extrapolam. A
rigor, “carpe diem” significa uma experiência psicoemocional
imediatista e sem preocupações com o amanhã. É desfrutar a vida e os prazeres
do momento em que se “vive”. Esta expressão tem o objetivo de lembrar que a
vida é breve e efêmera e por isso, cada instante deve ser “vivido”
apoteoticamente, por conseguinte, esse conceito é largamente aceito pelo
materialista ou sensualista, que carece entorpecer os sentidos a fim de suportar os açoites das expiações
e provações e as lágrimas desconfortantes.
Entretanto, somos espiritualistas e paradoxalmente acreditamos
que devemos aproveitar ao máximo o “aqui
e agora” a fim de que o nosso amanhã
seja um tanto mais proveitoso rumo ao nosso aperfeiçoamento moral. Lamentavelmente a sociedade humana, ainda
descompromissada com os valores do espírito imortal, promove essa cultura que
arrasta as criaturas primárias para as experiências não aconselháveis. Haja
vista a infinidade de festa open bar oferecidas aos jovens, a puerilidade
dos relacionamentos e a imaturidade que encontramos nos fúnebres cenários da
sociedade contemporânea.
Uma humanidade acriançada que ambiciona tão-somente o
sedutor prazer da vida, deixando o dever para mais além do fugitivo imaginário.
Estamos cada vez mais envoltos num clima de egocentrismo , isolamento e retraimento
social, não obstante contíguo à multidão. Alguns experimentam a obscuridade
moral a ponto de descobrir nos relacionamentos virtuais a válvula de escape
para aliviar o turbilhão das suas carências e desditas afetivas.
Entretanto, o alerta para essas realidades é a sensação
subjetiva de estar isolado e não ter para quem se expandir, falar, prantear, se
regozijar, ou buscar dividir as emoções. São duas faces de uma mesma moeda. Em
alguns períodos vivemos intensamente as experiências e em outros nos abatemos
completamente no isolamento.
O “carpe diem” descomedido
pode até mesmo nos dar a impressão de estarmos vivendo intensamente o momento,
porém , importa refletir quais são os valores que temos granjeado nessa competição
alucinada pela satisfação instantânea.
O apóstolo da gentilidade diria: “Pois
eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte,
nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o
presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo.Em todo
o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por
meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” (1)
Considerando que fomos criados por uma Inteligência Suprema
é importante que passamos nos sentir parte da divindade. Conectando-nos a Deus.
O pensamento ilusório de que somos autossuficientes tem gerado uma série de
conflitos emocionais, promovendo um
sentimento de incompetência, fracasso existêncial e incompletude. Em verdade
são sentimentos conectados a apreciações que denunciam a incondicional ausência
de valores morais que nos permita maior aproximação de Deus.
A aflição de viver e o eterno recomeço para a busca da vida
venturosa são segmentos do processo de construção do ser na forja do tempo. Após
milênios de experiências malogradas e enriquecedoras
desponta para todos a capacidade de
desenvolver as perenes potências espirituais.
Entendemos que a neuroplasticidade ou plasticidade neural, definida como a capacidade do sistema nervoso modificar
sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência, e a mesma,
pode ser concebida e avaliada a partir de uma perspectiva estrutural , na configuração
sináptica (2) ou funcional , na modificação do comportamento.
Sob o comando do espírito consciente de suas necessidades evolutivas,
através do impulso da vontade e determinação constante, ocorre a modificação estrutural física e
perispiritual. A neuroplasticidade nasce de uma necessidade da mente humana em
buscar saídas assertivas. Somos seres cognitivos e não existem limites para
nossas criações. A legitimidade das nossas buscas obrigará nossas estruturas
fisiopsíquicas a encontrar caminhos que darão novo significado à vida.
Nada no mundo nos afastará do amor de Deus, nem a ilusão,
nem solidão, nem a penumbra das emoções e nem o “carpe diem” exagerado. Tenhamos
a certeza que o Amor do Criador é patrimônio que também nos pertence, por
direito inalienável. Se preciso for utilizaremos de todos os recursos divinos
para nos moldar a essa excelsa herança.
Referência bibliográfica:
1-
Romanos
8:38-39
2-
Algo que cria um novo caminho ou
alternativa em sua vida ou de outrem, bom ou ruim. Geralmente precisa de
tratamento psicológico ou quimico para ser alterado ou ainda mudança de atitude
séria por parte de quem o enfrenta.
(*)Jane
Maiolo – É
professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada em
Psicopedagogia. Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec de Jales.
Pesquisadora do Evangelho de Jesus. Colaboradora da Agenda Brasil Espírita-
Jornal O Rebate /Macaé /RJ – Jornal Folha da Região de Araçatuba/SP –Blog do
Bruno Tavares –Recife/PE - colaboradora do site
www.kardecriopreto.com.br- Revista Verdade e Luz de Portugal, Revista Tribuna
Espírita de João Pessoa, Apresentadora
do Programa Sementes do Evangelho da Rede Amigo Espírita. Janemaiolo@bol.com.br
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