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Luiz Carlos Formiga |
Lemos, na Revista
Fraternidade. Lisboa. Portugal. Nº
454, abril, 2001, “O Compromisso
Com a Paz Global”. Encontro de Cúpula Mundial de Líderes Religiosos e
Espirituais pela Paz Mundial e por Bawa Jain, Secretário-Geral do “Millenium Worl Peace Summit”.
Agora recebemos convite para, numa reunião pública,
desenvolver o tema “A Paz. A Grande Conquista da vida”.(*)
Hoje, corremos atrás desta felicidade, ainda que relativa, na Terra.
Qual o perfil da pessoa feliz?
Lembramos Gandhi, não no “Bloco do Afoxé”, um dos mais
tradicionais do carnaval de Salvador, Bahia, Brasil, mas em “A Saga do Amor na
Terra”. Nos exemplos de vida cristã, amar e se desarmar, vencer a solidão e reviver o Evangelho primitivo. (1)
Sabemos da admiração de Gandhi pelas Bem-aventuranças
(Mateus 5: 3). Ali recolhemos o perfil.
Felizes os mansos,
os misericordiosos, os pacificadores, os puros de coração, os que têm fome e
sede de justiça.
A paz é realmente
a grande conquista da vida. Mas como promover a paz global?
O leitor concordará
que a criança é a esperança do futuro, que homens e mulheres são parceiros
iguais em todos os aspectos da vida, que o nosso mundo está assolado pela
violência e que a guerra por vezes é feita em nome da religião. Pela paz, necessitamos
de compromisso pessoal.
Assim, sejamos
liderança espiritual para ajudar a estabelecer novos rumos para a sociedade. Devemos
reconhecer nossa responsabilidade para o bem-estar da humanidade e para a paz
na Terra.
O leitor também
vai concordar que o conflito armado é uma terrível tragédia para as vidas
humanas, não só para as vidas perdidas, mas arruinadas; que essa tragédia é
péssima para o futuro das tradições religiosas e espirituais e também que as
religiões têm sido usadas para criar a divisão e produzir hostilidades. Assim,
no nosso compromisso com a paz, podemos trabalhar juntos para promover as
condições internas e externas que propiciem a paz, bem como administrar a
resolução não violenta dos conflitos.
Já sabemos que as
religiões têm em comum o interesse pela dignidade humana, pela justiça e pela
paz, que nossa ação tem impacto sobre os outros e na comunidade global e que num
um mundo interdependente a paz vai
necessitar de valores éticos fundamentais.
Que são valores
ético-espíritas? (2)
Paulo de Tarso
leciona sobre valores cristãos e Emmanuel recorda que: “aquele
homem sábio e vigoroso, que se rendera a Jesus, incondicionalmente, às portas
de Damasco, revela à comunidade cristã a sublime qualidade de sua fé. Não se afirma detento dos romanos nem se refere às sentinelas
que o acompanham de perto. Compreendendo que
permanece a serviço do Cristo e cônscio dos deveres sagrados que lhe competem,
dá-se por prisioneiro da Ordem Celestial e continua tranquilamente a própria
missão.”
“Andeis
como é digno da vocação com que fostes chamados.” (Efésios, 4.1).
Emmanuel fala da obediência
construtiva e nos aponta o futuro: “quando predominarem, nos quadros da evolução
terrestre, os discípulos que se sentem administradores do Senhor, operários do
Senhor e cooperadores do Senhor, a Terra alcançará expressiva posição no seio
das esferas”.(3)
As tradições
religiosas podem e devem colaborar na construção de sociedades pacíficas, procurando a compreensão
mútua, através do diálogo, onde existam diferenças. Podem abster-se da violência, praticar a
compaixão e defender a dignidade de todas as formas de vida. Não haverá paz até
que grupos e comunidades reconheçam a diversidade de culturas e religiões
havendo respeito e compreensão.
Pertinente lembrar
que construir a paz requer atitude de reverência
pela vida, erradicação da
pobreza e proteção do meio ambiente.(6)
O Espírito Dolores,
através do “dom” da mediunidade de Brunildes (*), também nos fala da esperança no futuro:
“se quiseres
sentir a paz dentro de ti, faze
silêncio, espera que volte a primavera na força da oração. Transforma o teu
soluço em riso de esperança no amanhã
que vem. Depois da tempestade surge sempre a bonança agora ou mais além”.
Muitos gostariam
de estar de posse do “dom mediúnico”,
para poder ajudar a educar a sociedade, onde está inserido. No entanto, a
mediunidade educada é fatalidade evolutiva. Devemos continuar a trabalhar os valores
ético-morais e aguardar o crescimento geral e pessoal.
Diz Emmanuel que
existem muitas pessoas inquietas, por não serem
portadores desta mediunidade (ostensive).
No entanto, lembra que “diariamente,
haverá mais farta distribuição de luz espiritual em favor de quantos se
utilizam da luz que já lhes foi concedida, no engrandecimento e na paz da
comunidade, pois podemos ser o intermediário do Mestre, em qualquer parte”. Para
tanto basta que compreendamos a obrigação fundamental, no trabalho do bem, e
atendamos à Vontade do Senhor, agindo, incessantemente, na concretização dos
Celestes Desígnios”
Lembra
Emmanuel que somos Espírito imortal, temporariamente na Terra, com o dever de
aplicar o sublime dom de server, que há em nós.
“Não
desprezes o dom que há em ti”. I Timóteo, 4:14. (4)
O leitor
concordará que uma cultura de paz deve ser baseada no cultivo da paz interior
que é a herança das tradições religiosas e espirituais. Que as
tradições religiosas e espirituais são a fonte
central na construção de uma vida melhor para a família e toda a
vida na Terra. Enfatizamos, como podemos individualmente colaborar na busca da
paz?
Conduzir, os mais
próximos, a um renovado compromisso com os valores éticos e morais, resolver
sem violência os conflitos gerados pelas diferenças e conduzir ao respeito pelo
direito à liberdade religiosa.
Na busca da paz
global, despertar o senso de responsabilidade compartilhada
entre todos e conduzir ao reconhecimento de que todos temos direito a educação
e a saúde. Ajudar a promover uma distribuição de riqueza equitativa, não só quando
nos postos de comando e reconhecer a necessidade urgente de cuidar do sistema
ecológico. (5, 6)
Pela paz, devemos
combater práticas que degradem a qualidade da vida humana, promover os valores
da paz interior, incluindo o estudo e a prece, a meditação e a noção do
sagrado, a humildade e o amor, a compaixão, a tolerância e o espírito de
serviço.
Emmanuel diz que “todos
os que surgem, aflitos ou desesperados, coléricos ou desabridos, trazem chagas
ou ilusões. Prisioneiros da vaidade ou da ignorância, não souberam tolerar a
luz da verdade e clamam irritadiços”.
“Unge-te
de piedade e penetra-lhes os recessos do ser, e identificarás em todos eles
crianças espirituais que se sentem ultrajadas ou contundidas.Recorda-te de que
a Natureza, sempre divina em seus fundamentos, respeita a lei do equilíbrio e
conserva-a sem cessar.”
“Ainda
mesmo quando os homens se mostram desvairados, nos conflitos abertos, a Terra é
sempre firme e o Sol fulgura sempre. Viver de qualquer modo é de todos, mas
viver em paz consigo mesmo é serviço de poucos”. (7)
Dolores Duran/médium
Brunilde M. do Espírito Santo (8), deixa uma Cantiga de Paz:
“Olhando ao teu redor verás que almas tristes te
pedirão amor”.
“Tua tristeza esquece, sorri, ampara e aquece, seja o
irmão quem for. Sofrendo chuva e vento o trigo doura o campo, sem falar de sua
dor e assim, que a nuvem passa, a terra generosa desabotoa em flor. Imita a
natureza que se desfaz em luz até o entardecer e quando a noite chega, o céu
acende estrelas, até o amanhecer”.
O Evangelho é o coração
da Bíblia, roteiro para promover a Paz Global.
(*) GPELA “Valorização da Vida”
(**) Vontade, Trabalho e Êxito. Louis
Pasteur
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