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Luiz Carlos Formiga |
Na administração a
substituição da ética pela ideologia escraviza. Na educação, objetivando o homem
integral os valores éticos devem ser e ter prioridade. Não basta perseguir a
meta de formar homens instruídos, se não forem capazes de lutar e vencer seus
próprios vícios e paixões.
Um registro em Lucas (16:9) é
de entendimento aparentemente difícil, para o leitor desatento aos valores ético-espirituais.
Refiro-me ao texto que diz: “granjeai
amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos
recebam eles nos tabernáculos eternos.”
Uma leitura superficial
daquilo que diz Jesus pode levar a se pensar que o Mestre falava de um ladrão
inteligente comprando o favor de advogados venais, de modo a reintegrar-se nos
títulos honrosos da convenção humana, comenta Emmanuel. No entanto, sem ética não
fazemos amigos, mas cumplices.
Emmanuel (Pão Nosso, 112) diz que
“quando Jesus fala em amigos, refere-se a
irmãos sinceros e devotados, e, quando menciona as riquezas da injustiça, inclui
o passado total da criatura, com todas as lições dolorosas que o caracterizam.
Assim também, quando se reporta aos tabernáculos eternos, não os localiza em
paços celestiais”.
Este espírito identifica como tabernáculo
sagrado o coração do homem e como amigos, aqueles que “na qualidade de discípulos mais dedicados e enobrecidos que nós, nos
auxiliarão, acolhendo-nos em seus corações, convertidos em tabernáculos do
Senhor. São eles que no ajudarão a obter novas possibilidades de reajustamento.”
Psiquiatras dizem que três comportamentos somam para uma boa saúde
mental: possuir
tempo regular para recolhimento interior, para oração, reflexão ou meditação; fazer estudo de um material religioso e/ou
espiritual e investir em amigos que possuem aspirações em termos de objetivos
espirituais e / ou religiosos.
Trocar a ética pela ideologia é
um grande erro, mesmo que pense na construção do belo e do bem. O
indivíduo cria a ideologia, e depois acaba tendo que encaixar os fatos da
realidade numa versão onde transforma cumplices em heróis.
No DNA da ideologia está
o preconceito, como o do prêmio Nobel de medicina.
O professor britânico declarou
durante uma Conferência, que o problema de trabalhar com mulheres no mesmo
laboratório era que “você se apaixona por elas, e elas se apaixonam por você.
Quando você as critica, elas choram”. Ele defendeu a ideia de laboratórios
unisex, onde os homens não seriam distraídos pelo sexo oposto.
Diz uma professora universitária que “apesar
dos inegáveis avanços na promoção da igualdade de gênero, sabemos que a
participação de mulheres no campo da ciência continua sendo minoritária.” Enfatizou que no Brasil é muito importante
o “Programa Internacional Para Mulheres na Ciência (L´Oreal-UNESCO),
que desde 1998 concede bolsas e dá prêmios a mulheres cientistas (inclusive no
Brasil), para ajudar a reverter essa situação de desigualdade”.(1)
Mulheres sofrem
preconceito, mas foram acolhidas por Jesus e convidadas a colaborar, no inicio
da implantação da Boa Nova.
Recentemente, um filme que
estreou no Brasil em fevereiro de 2017, conta as histórias de mulheres, cujo
esforço foi essencial para que os Estados Unidos dessem início à corrida espacial. Dirigido por Theodore Melfi, o longa
acompanha a trajetória das matemáticas
Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson, que além de enfrentarem
resistência por serem mulheres, tiveram que trabalhar ainda mais para serem
notadas por serem negras. (2)
A intolerância no mundo
tem levado a momentos de grande tristeza. Podemos demonstrar nossa solidariedade,
através da WEB, aos que estão passando por dores extenuantes em Barcelona. (3) Nesse
“rincon” se diz que a morte não
existe, mas existe a dor pelas ausências inesperadas. Nele pedimos a Deus que,
em sua infinita misericórdia, siga iluminando a todas as criaturas que passam
por provas tão dolorosas e que acolha no seu seio a todos os irmãos. Lembra-nos
Francisco de Assis quando pede que sejamos instrumentos da paz, mesmo que estejamos
na condição de arvore ferida, apedrejada por produzir muitos frutos.
Morrendo é que se vive
para a vida eterna e aí é muito triste, quando nos descobrimos como algoz.
Rogamos pelas vítimas e
pelos terroristas, que certamente não sabem o que semearam e que ainda serão seus
próprios herdeiros. A colheita é obrigatória, até o último ceitil.
Muitos estão dopados, com
a mente em desalinho, enlouquecidos pela ideologia, a droga que subjuga e faz abandonar
a ética.
Os escravizados desta forma e os “homens
de um livro só” (*) me fazem lembrar Mario Quintana no seu “Poeminho do Contra”, quando se vinga dizendo: “todos esses que aí estão, atravancando meu
caminho, eles passarão... eu passarinho!
Precisamos educar para a aceitação da
diferença. Lulu Santos diz que “os
garotos na escola estavam sempre a fim de jogar bola e ele queria tocar
guitarra na TV. “
Eu não queria ser jogador de futebol nem artista.
Sonhava, e quase consegui, ser cientista. “Que
seja assim, enquanto é”.
O Rincon
Espírita com sua solidariedade diante das vítimas diretas e indiretas da
tragédia deste ano em Barcelona, faz sentir a necessidade de conquistar amigos
verdadeiros, como registrado por Lucas, discutido por Emmanuel em Pão Nosso.
No Rock in Rio, 1985, esse amigo de valor é cantado, de maneira
inesquecível, por James Taylor.
Muito
significativo, para quem tem Jesus como modelo e Guia, é o verso que diz: “seja Inverno, primavera, verão
ou outono, tudo o que você precisa fazer é chamar e eu estarei aí com você.
Você tem um amigo”
(*) Este livro é sobre
o fundamentalismo afetando a vida de
todos. Embora não seja fenômeno recente, ele hoje ganha maior visibilidade. Comenta
a transformação da mensagem de paz em sectarismo e intolerância, para que possa
atender interesses puramente políticos.
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