Jorge Hessen
Em 2012, Zainab, uma parteira queniana, fez o parto
de uma criança intersexual (que possui órgãos genitais masculinos e femininos).
Quando a mãe viu que o sexo do bebê não estava definido, ficou surpresa. O
marido pediu para que Zanaide matasse o bebê, mas Zanaide pegou a criança para
si e cuidou dela, embora sob riscos, pois na comunidade em que reside, assim
como em outras no Quênia, um bebê intersexual é visto como mau presságio, que
traz maldição para a família e até para os vizinhos. [1]
A Intersexualidade em seres humanos é alguma
alteração de caracteres sexuais, incluindo cromossomos, gônadas e/ou órgãos
genitais que dificultam a identificação de um indivíduo como inteiramente
feminino ou masculino. Essa variação pode envolver ambiguidade genital, combinações
de fatores genéticos e aparência e variações cromossômicas sexuais diferentes
de XX para mulher e XY para homem. Pode incluir outras características de
dimorfismo sexual, como aspecto da face, voz, membros, pelos e formato de
partes do corpo. [2]
Georgina Adhiambo, diretora-executiva da ONG Voices
of Women, que trabalha para reduzir o estigma contra pessoas intersexuais no
Quênia, disse que o assunto ainda é um tabu. Atualmente as opções de tratamento
dos intersexuais variam muito. Alguns pacientes não precisam de cuidados,
enquanto outros podem precisar de remédios ou terapia hormonal. Há ainda
aqueles que precisam de cirurgia – opção que costuma ser protelada até a
puberdade, para que a própria criança possa escolher seu sexo.
A palavra intersexual é preferível ao termo
hermafrodita, já bastante estigmatizado, precisamente porque hermafrodita se
referia apenas à questão dos genitais visíveis. Alguns intersexuais podem ser
considerados como transgêneros. Porém, tanto a intersexualidade quanto a transexualidade
são temas polêmicos, e menos discutidos do que deveriam. Talvez por isso não se
compreenda exatamente do que se trata, e essa condição seja motivo de tantos
casos de preconceito.
Ademais, sobre o tema, uma pessoa pode ser
cisgênero ou transgênero. O cisgênero se identifica com o gênero correspondente
ao sexo biológico, ou seja, se possui órgão sexual feminino é uma menina, se
possui órgão sexual masculino é um menino. É o que todo mundo considera regra.
Já o transgênero é a pessoa que contesta essa regra, que não tem seu gênero
definido pelo sexo biológico. Muitas vezes o transexual se identifica com o
gênero oposto ao sexo com que nasceu. Podemos dizer que o transexual é
transgênero, mas nem todo transgênero é transexual.
Um estudo realizado pela Universidade de
Washington, nos Estados Unidos, publicado pela revista Psychological Science,
concluiu que as crianças transgênero começam a reivindicar um gênero diferente,
ao mesmo tempo que as crianças cisgênero se identificam com o gênero correspondente
ao sexo biológico, por volta dos 2 anos. É como se a criança olhasse no espelho
e não se reconhecesse. É uma expectativa constante de que ela vá acordar no
corpo certo.
Independentemente das demarcações e definições
controversas, a sociedade dará sinais de avanço quando compreender a neutralidade
de gênero, e que o ser humano não se reduz à morfologia de “macho” ou “fêmea”.
Ainda sobre a “transexualidade”, por exemplo,
Emmanuel adverte que “encontramo-nos diante de um fenômeno perfeitamente
compreensível à luz da reencarnação. Inobstante as características
morfológicas, o Espírito reencarnado, em trânsito no corpo físico, é essencialmente
superior ao simples gênero masculino ou feminino.” [3]
O mentor de Chico Xavier ainda acrescenta que
“aprenderemos, gradualmente, a compreender que os conceitos de normalidade e de
anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais
morfológicos, para se erguerem como agentes mais elevados de definição da
dignidade humana, de vez que a individualidade em si exalta a vida comunitária
pelo próprio comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal
que causa com a parte que assume no jogo da delinquência.” [4]
Além disso, aprendemos com o autor de “Há dois mil
anos”, “que é urgente amparo educativo adequado [aos sexuais e morfologicamente
diferentes], tanto quanto se administra instrução à maioria heterossexual”. [5]
E para que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o
mundo de hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo,
porquanto, à frente da vida eterna “os erros e acertos dos irmãos de qualquer
procedência, nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado
gabarito de Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da
evolução e da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um.” [6]
Referências
bibliográficas:
[1]Disponível em
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-39852313 , acessado em 14/07/2017
[2]Money, John;
Ehrhardt, Anke A. (1972). Man & Woman Boy & Girl. Differentiation and
dimorphism of gender identity from conception to maturity. USA: The Johns
Hopkins University Press. ISBN 0-8018-1405-7.
[3]XAVIER, Francisco
Cândido. Vida e Sexo, RJ: Ed. FEB, 1977
[4]idem
[5]idem
[6]idem