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José Sola |
Eis-nos aqui mais uma vez, no desejo
ardente de sintetizarmos uma obra escrita pelas mãos saudosas de nosso
inesquecível médium, Francisco Candido Xavier, e esta foi escrita pelo espirito
amigo de Casemiro Cunha, um de nossos
poetas do além.
O autor do poema a prece do
espiritismo, nos apresenta nesta obra, um compendio de poesias maravilhosas,
que nos acordam as fibras mais intimas da alma, para as belezas sublimes da
vida, e para a necessidade da evolução.
O espirito amigo nos escreve quadras
que nos alentam a alma para as grandezas da vida, acordando-nos para as
responsabilidades que nos compete viver, desde que desejemos viver bem, pois
somos dotados do livre arbítrio, então, viver bem ou mal, só depende de nós
mesmos.
A poesia é um meio de comunicação
sublime, pois através deste meio de comunicação, expressamos a beleza e o
esplendor da vida, manifestamos o nosso verbo e exprimimos nossa gratidão, e
nosso louvor ao Ser Supremo do universo, ou seja, expressamos nossos
sentimentos mais íntimos.
Mas se pararmos para apreciar a vida
em seu contexto geral, compreenderemos que Deus que é a vida do universo nos
fala de forma poética, embora não se utilize do verbo na expressão articulada,
pois como já apreendemos informados por nossa maravilhosa doutrina, este
processo de comunicação de que nos utilizamos, atende apenas ao nosso momento
evolutivo.
Para corroborar o que dizemos, vamos
mais uma vez, lembrar Emmanuel, quando em seu livro Há 2000 anos, viveu seu encontro
inesquecível com Jesus, e guardava uma preocupação intima, de como estaria se
comunicando com o Mestre.
E orgulhoso como se demorava então,
vestido como um plebeu para não ser reconhecido, sentou-se em um banco de
pedra, frente ao lago azul de Genesaré, e lucubrava em sua mente, Ele sequer
sabe que eu estou aqui, mas mesmo que nos encontrássemos, como poderíamos nos
entender, Ele fala o aramaico, a
linguagem arcaica dos judeus, e eu falo a linguagem clássica dos romanos.
Quando de repente ouve passos que se
aproximam, e eis que surgi a figura enérgica, mas dócil do Mestre, que o
envolve com seu magnetismo, e sem fazer qualquer pronunciamento verbal, lhe
diz.
Senador romano, o que fazes aqui ao
crepúsculo da tarde, ao cair da noite, sei que não estas aqui por tua livre e
espontânea vontade, estas a pedido de tua esposa, e de tua filha que esta
enferma, ela será curada, não por teus méritos, mas os de tua esposa.
E quanto a ti, seria melhor que me
procurasses com o clarão do dia, para que teu orgulho caísse por terra, entretanto,
se aproveitares este minuto precioso no relógio de tua eternidade, séculos de
dores e expiações te serão poupados; mas infelizmente Emmanuel não o aproveitou
nessa época.
E conforme o próprio Emmanuel, esta
conversação aconteceu de alma para alma, de coração a coração, e o pensamento
foi o instrumento deste dialogo, em momento algum, o Mestre abriu seus lábios
para pronunciar uma palavra articulada.
E para comunicar-se conosco, Deus nos
fala de mil modos, não através do verbo articulado, mas do verbo que é
expressão, do verbo que é criação, e para nos revelar seu amor na vida, se
utiliza da tela majestosa da natureza, repletando-a de cor, beleza, e vida,
encantando-nos as fibras mais intimas da alma com Seu esplendor.
Nós vidas da Suprema Vida, não
criamos nada, pois somos parte da Vida Suprema do “Criador”, quando concebidos,
ou melhor, quando manifestos de Deus, herdamos infinitas potenciações que se
demoram em estado de latência na alma como um eterno vir a ser.
Tudo o que estaremos desenvolvendo na
eternidade, já esta contido em nosso inconsciente puro, e estas potenciações
vão se maturando através das infinitas experienciações e vivenciações, que
realizamos em nossa caminhada eterna.
É natural que no exteriorizar de
nossas potenciações que se demoram como um eterno vir a ser acontece à
participação dos elementos já exteriorizados, já desenvoltos, entretanto, esses
elementos externos ao nosso eu, não podem nos dar nada, pois é impossível dar amor,
luz, e outros atributos divinos a quem quer que seja.
Por mais que amemos alguém, não
poderemos dar-lhe amor na expressão literal, quando amamos um ente querido, o
envolvemos com nosso amor, este vai atuar em seu potencial de amor, criando no
amago desse ser, um potencial de amor, que vai formar uma cadeia dessa energia
divina, e qual acontece com os átomos que acionados em seu potencial, formam
uma ressonância possibilitando aconteça a luz elétrica, ou o funcionamento de
um motor, através da força motriz.
Mas o amor que apresentamos a alguém
funciona apenas como um impulso, não permanece no amago deste ser por muito o
amemos, o atributo de amor, é inalienável, pois não podemos nos esquecer de que
este é um atributo que herdamos de Deus.
Entretanto é amando aos nossos
semelhantes que provocamos a expansão do amor, manifestação de Deus na vida, pois
amando-nos, estaremos por ressonância acordando o potencial de amor que
trazemos no núcleo da alma, esse potencial divino como herança de Deus na
eternidade, vai se expandir ao infinito.
E por não acreditarmos mais, em um
Deus antropomórfico, um Deus a nossa imagem física, um Deus mutável que se
demora interagindo na vida, e o que é pior atendendo-nos os caprichos,
modificando seus designíos, para favorecer-nos, por entendermos que Deus é a
Vida do universo é que diremos.
Se o Ser Supremo do universo, tomasse
qualquer atitude para modificar-nos um momento doloroso, difícil de nossa
caminhada, estaria sendo parcial, pois nos reinos inferiores da natureza estes
momentos existem, e Deus os permite, e os permite porque os mesmos fazem parte
da evolução.
Ao conceber-nos a vida, como retro
informado, herdamos os infinitos atributos do Eterno, - embora em nosso momento
evolutivo concebamos apenas alguns - iniciando no reino do minério a busca da
individualidade do ser, e estes seres são todos movidos pelo mecanismo da
evolução, tanto quanto nós.
Entretanto Deus não altera o curso da
vida, e embora entendamos que Ele manifeste uma atenção diferenciada para
atender esses seres em seus momentos embrionários, não é verdade, pois o
mecanismo da evolução é inalterável.
E esta concepção equivoca, nós a
desenvolvemos pelo fato de entendermos que os animais são regidos por instintos,
e acreditamos que estes instintos sejam a resultante da intervenção direta do
Criador, junto a sua criatura nesta etapa de sua evolução, vero engano.
Deus sendo a vida do universo
exterioriza a mesma a todo instante, a partir do reino do minério, e sustenta a
mesma na eternidade, o instinto que o animal desenvolve, é a resultante da
herança divina, herdada da parte do Criador, não acontece como o imaginamos na
intervenção direta do Eterno, modificando, guiando cada elemento da natureza,
esta intervenção individual, jamais acontece.
E é evidente de que se não acontece
nos reinos inferiores da natureza, e tampouco acontece no reino humanoide,
quando O buscamos nos momentos dolorosos de nossas vidas, me direis então você
nega a intervenção de Deus a aqueles que o busquem, e eu responderei, de forma
direta sim, mas lembro de que Deus ajuda o homem através do próprio homem, um
exemplo concreto desta realidade é Jesus.
Se Deus se demorasse atendendo a vida
de maneira individualizada, Ele seria mutável, mutável seria sua Lei,
entretanto somos informados por Kardec, que um dos atributos de Deus é a
imutabilidade, e não da para pensar diferente, pois tudo aquilo que se modifica
é imperfeito, e Deus a manifestar-se na vida, é perfeito, é absoluto.
Mas importa esclarecer aqui alguns
detalhes, para que eu não deixe duvidas na mente de quem me lê; ao afirmar de
que Deus não tem nada mais a nos dar, pois ao nos conceber, já nos dotou de
seus atributos divinos, e manifestaremos esses atributos como um eterno vir a
ser evoluindo na eternidade, fica a impressão de que seja desnecessário buscar
Deus, e mais, que não devamos pedir nada a Ele através de nossas preces.
Importa sem duvida alguma elevarmos
nossos pensamentos, altearmos os nossos sentimentos, e num estado de jubilo,
então não mais cobrando de Deus uma intervenção a nosso favor, mas buscando Lhe
a essência divina, e não será Deus quem nos ira envolver com sua vida, pois
isto já acontece na eternidade.
Em momento algum, estamos ou
estaremos dissociados da vida de Deus, pois isto seria a morte do espirito,
então a lógica nos diz, que estamos sempre envoltos pela Fonte Originaria da
Vida, que nos sustenta na eternidade, nos infinitos momentos evolutivos de ser.
Nós é que estaremos nos
sensibilizando, e sensibilizados estaremos mergulhando nesse mar infinito de
vida, luz e esplendor, e assimilaremos a essência de vida que Dele se
manifesta, somos nós que estaremos indo de encontro a fonte originaria de nossa
vida.
Se acreditarmos que só devemos buscar
a Deus através da prece quando nos demoremos vivendo um momento de dor, ou de
dificuldade, estaremos equivocados, lembremo-nos de que existem espíritos de
uma evolução que nos escapa a percepção, já suplantaram a matéria, se
libertaram dos vícios, enfim não sentem dores, entretanto, buscam a Fonte da
Vida Eterna, infinitamente agradecidos pela felicidade que os envolve,
alimentando-se das energias divinas para dar curso a ascensional caminhada que
lhes esta reservada na eternidade.
Quando afirmo que ao criar-nos Deus
já nos favoreceu com seus atributos infinitos, que nada mais tem a nos dar,
alguns confrades desavisados, dirão, então Deus nos cria, dota de vida, nos
faculta com o livre arbítrio, e nos abandona aos acontecimentos da vida?
Lembremo-nos de que a vida se
manifesta envolta por um determino inconfundível, e é este determino que rege
os acontecimentos da vida, nada acontece por mera casualidade, tudo obedece a
uma razão e uma lógica inconfundível, e de que intervindo no mecanismo da
evolução esta presente a Lei Divina, como parâmetro de aferição de nossos atos
e pensamentos, a vida é perfeita, é
lógica, é absoluta, pois a vida do universo é Deus.
Mas importa não nos esqueçamos de que
além de ser definida, completa e absoluta, é também providencial, pois na
eternidade, o Ser Supremo da Vida, nos oferece infinitos meios para que façamos
a nossa evolução, como por exemplo, o ar que respiramos as aguas que brotam das
fontes, as plantas verdejantes, um colo de mamãe, os cuidados de um papai que
no trabalho nos busca os proventos para a nossa sobrevivência, etc.
E no discorrer deste texto, vimos que
o Criador se comunica com sua criatura, de mil modos, não o fara através de
palavras articuladas, como acreditam ainda alguns irmãos nossos de
religiosidade, pois existem aqueles que ainda acreditam que conversaram com
Deus, através de um sonho, ou através da audição, e isto é impossível.
Digo que é impossível, pois Deus é a
vida do universo, e o universo é infinito, e o Mesmo se manifesta como vida do
todo; acreditar na possibilidade de recebermos uma resposta através da palavra
articulada da parte do Criador é o mesmo que acreditarmos na possibilidade de
nos comunicarmos através da palavra com os anticorpos que habitam nosso
organismo.
Sim, nós podemos nos comunicar com os
anticorpos, ou com os nossos órgãos internos, mas não através da palavra
articulada, mas através de nossa mente emitindo vibrações positivas, no intento
de revigorarmos os mesmos, e desta forma cooperamos para que nos curemos de uma
enfermidade e conquistemos a saúde.
Em analogia, quando não apresentamos
rebeldia, quando nos deixamos quedar dóceis aos desígnios de Deus, nos
permitimos envolver pela harmonia que se manifesta da Inteligência Suprema no universo e encontramos a cura para nossas
almas eternas.
E essa realidade acontece quando o
espirito já suplantou a matéria, não se detém mais subjugado pelas vicissitudes
da vida, então possibilita ao Ser Supremo do universo, derrame sua harmonia,
sua paz, e sua luz, e por nos demorarmos receptivos, assimilamos essas
emanações divinas, que se manifestam de Deus na vida, ampliando nossa evolução
na eternidade.
Mas isto não quer dizer de que o
Criador não se comunica com sua criatura, e podemos afirmar mesmo que o faz na
eternidade, ininterruptamente, pois Deus nos concebe a vida, e a sustenta,
estamos ligados a Deus na eternidade, e para a eternidade, se fosse possível
acontecer um rompimento entre o espirito eterno, e a Fonte de Vida do Universo,
o espirito morreria, então isto nos leva a compreender que estamos em eterna
comunicação com Deus.
Alguns religiosos procuram
comunicar-se com um Deus que seja um velhinho de barbas brancas, e O rebaixam
mesmo a condição de um monarca, com uma coroa na cabeça e um cetro na mão, mas
não podemos nos esquecer que este é um dos deuses do politeísmo, mas para
vermos Deus, nos comunicarmos com Ele, só o conseguiremos através de sua
manifestação na tela majestosa da natureza.
Então podemos afirmar, que o Ser
Supremo da Vida, nos fala através da poesia, mas não da poesia escrita ou falada, mas sim da poesia que é a manifestação da vida gloriosa que O
Mesmo manifesta no universo.
O que é que inspira a alma dos
poetas? O que é que inspira o coração dos enamorados?
Um poeta busca inspiração para escrever
suas poesias, ao apreciar as estrelas que reluzem em beleza e luz no
infinito do universo, se inspira ainda pelas matas verdejantes, pelas cataratas
que se derramam por entre as pedras
formando uma cortina maravilhosa de agua, pelas flores lindas e perfumadas de
um jardim, a inspiração do poeta se manifesta, ao apreciar estas belezas que a
vida nos oferece.
E um casal divinamente apaixonado, sente
inspiração um pelo outro, e um é para o outro a mais bela obra do Criador,
entretanto envoltos neste idílio apaixonante, tudo que os rodeia passa a ter
uma beleza indescritível, e os mesmos desenvolvem uma poesia divina de amor e
paixão, nem sempre articulada, pois nem todos tem o dom da poesia.
Mas se prestarmos uma atenção mais
acurada, nos aperceberemos de que é Deus quem nos apresenta através da
natureza, uma poesia perene, em que a beleza da vida se manifesta, e nos fala
através da sensibilidade de que somos dotados, não somos nós quem criamos o
cenário maravilhoso que nos sensibiliza e nos envolve, este nos antecede e nos
leva as raias de uma admiração profunda e infinita.
Então respondemos a Deus, através da
poesia em voz articulada, vibrante, derramando-nos através do verbo articulado, e produzimos em
muitos casos, poemas imortais e inesquecíveis, e um interprete desses
esplendores, é o nosso amigo maravilhoso Casemiro Cunha.
Se vocês ainda não leram esta obra
divina, leiam, e se vocês já leram releiam novamente, pois os livros escritos
pelos espíritos através das mãos de nosso saudoso Francisco Candido Xavier
merecem ser relidos, uma boa leitura.
Sola