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Domingo Cocco |
Toda teoria Espírita sustenta-se na fé raciocinada, em satisfazer a razão. “Deus é inteligência suprema...”.
“Uma teoria não pode ser aceita como verdadeira senão com a cláusula de satisfazer a razão e dar conta de todos os fatos que abrange; se um só fato lhe trouxer um desmentido, é que não contém a verdade absoluta”. (1) É o que ocorre com as denominações demônios, anjos e inferno.
Demônio: “Tomemo-lo, pois, tal qual no-lo representam. Satanás existe de toda eternidade, como Deus, ou ser-lhe-á posterior? Existindo de toda eternidade é incriado, e, por conseqüência, igual a Deus. Este Deus, por sua vez, deixará de ser único, pois haverá um deus do mal. Mas se lhe for posterior? Neste caso passa a ser uma criatura de Deus. Como tal, só praticando o mal por incapaz de fazer o bem e tampouco de arrepender-se, Deus teria criado um ser votado exclusiva e eternamente ao mal. Não sendo o mal obra de Deus, seria contudo de uma das suas criaturas, e nem por isso deixava Deus de ser o autor, deixando igualmente de ser profundamente bom. O mesmo se dá, exatamente, em relação aos seres maus chamados demônios” (2)
Anjo, literalmente entendido: “Se Satã, e os demônios eram anjos, eles eram perfeitos; como, sendo perfeitos, puderam falir a ponto de desconhecer a autoridade desse Deus, em cuja presença se encontravam? Ainda se tivessem logrado uma tal eminência gradualmente, depois de haver percorrido a escala da perfeição, poderíamos conceber um triste retrocesso; não, porém, do modo por que no-los apresentam, isto é, perfeitos de origem”. (3)
O conceito de satisfazer a razão desfigura também o chamado Inferno: Consta em “O Livro dos Espíritos”: (...) “Crer em Deus, sem admitir a vida futura, fora um contra-senso. O sentimento de uma existência melhor reside no foro íntimo de todos os homens e não é possível que Deus aí o tenha colocado em vão.”
“A vida futura implica a conservação da nossa individualidade, após a morte. Com efeito, que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa
essência moral houvesse de perder-se no oceano do infinito? As
conseqüências, para nós, seriam as mesmas que se tivéssemos de nos sumir no nada”. (4) Como se não bastasse, quem também deixou bem claro sobre a existência de uma vida futura foi o próprio Jesus: “Pilatos, tendo entrado de novo no palácio e feito vir Jesus à sua presença, perguntou-lhe: És o rei dos Judeus? -- Respondeu-lhe Jesus: Meu reino não é deste mundo.
Se o meu reino fosse deste mundo, a minha gente houvera combatido para impedir que eu caísse nas mãos dos Judeus; mas, o meu reino ainda não é aqui”. (5)
Como fica constatado, a menos que tais palavras sejam usadas no sentido figurado, o que seria aceitável, não satisfaz a razão se tomadas no sentido literal.
Impõe-se nos, entretanto admitir uma vida futura, para a qual devemos nos preparar, libertando-nos das imperfeições por efeito da nossa vontade, porque, segundo nos informa a Doutrina Espírita: “A suprema felicidade só é compartilhada pelos Espíritos perfeitos, ou, por outra, pelos puros Espíritos, que não a conseguem senão depois de haverem progredido em inteligência e moralidade”. (6)
Nossa ascensão dar-se-á, certamente, quando aplicarmos o método de vida segundo o “Evangelho de Jesus”, rumo a uma vida futura melhor!...
Referências:
(1) - O céu e o Inferno - 1ª p. cap. I, item 8
(2) - 1ª parte, cap. IX, item 7
(3) - 1ª parte, cap. IX, item 9, 1ª
(4) - L.E. perg. 959 - Comentário
(5) - João, cap. XVIII, vv. 33
(6)_ - O Céu e o Inferno - 1ª p. cap. III, item 7
Cachoeiro de Itapemirim, ES.
Domingos Cocco
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