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Arnaldo Rocha |
Havia um homem rico
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E que Lázaro só teve males,
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Que se vestia suntuosamente
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Estando agora na consolação;
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E, todo e a qualquer dia,
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E como tudo possuístes,
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Se regalava intensamente.
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Resta-vos, por fim, a consumição.
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Estendido à sua porta,
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Ademais, entre nós e vós
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Um pobre jazia ulcerado,
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Sempre um abismo existirá
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Vestido miseravelmente
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Tão grande, que de sorte
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E de Lázaro era chamado.
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Ninguém poderá atravessar.
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Este queria se saciar,
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E os que queiram passar
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Porque com fome estava,
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Daqui para aí não o
poderão,
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Com as migalhas da mesa do rico;
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Como também o contrário,
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Mas ninguém lhas dava.
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Daí para aqui, não o conseguirão...
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Seu sofrimento era atroz;
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No entanto, o rico lhe disse:
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À morte estava condenado,
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- Eu vos imploro, Pai Abraão,
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E até os próprios cães
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Enviai Lázaro a casa de meu pai...
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Lambiam as feridas do coitado.
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E continuou sua suplicação:
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O rico, um dia, morreu
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- Onde tenho cinco irmãos;
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Tendo destino inclemente
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A fim de que esta realidade
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E foi levado ao inferno
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Seja-lhes por ele atestada...
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Por ter sido indiferente.
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E prosseguiu com sinceridade:
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Estando em tormentos,
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- De modo que, também,
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Olhou para o alto, de permeio,
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Não venham para este ambiente
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E viu, ao longe, Abraão
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Tão repleto de tormentos...
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E Lázaro no seu seio.
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E calou-se, tristemente.
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E gritando rumo aos céus,
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Mas Abraão lhe retrucou
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Ele clamou, dizendo assim:
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Chamando-lhe a atenção:
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- Oh! Meu Pai Abraão,
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- Se tinham aos profetas e a Moisés,
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Tende piedade de mim
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Que os escutassem, então...
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E enviai-me, então, Lázaro,
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- Não, meu amado Pai...
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Porque estou à míngua,
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Disse o rico a Abraão:
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A fim de que molhe o seu dedo
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- Se tiverem contato como os mortos,
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Para refrescar minha língua;
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Penitência eles farão.
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Pois que muito sofro
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Abraão lhe respondeu
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Estes extremados tormentos,
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Rematando esta questão:
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Por esta chama que me consome
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- Se não ouvem a Moisés e aos profetas,
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Nestes terríveis momentos.
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Em ninguém mais eles crerão;
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Mas Abraão lhe respondeu:
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Ainda que algum dos mortos
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- Lembrai-vos do acontecido,
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- Acentuou Pai Abraão –
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Que em toda vossa vida
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Venha a ressuscitar,
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Muitos bens houvestes tido,
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Eles, também, não acreditarão.
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